As Inseparáveis

Os amigos da sua infância ainda estão presentes na sua vida? São muitos? Poucos? 1? 2? 3? 5? 10?

E eles conhecem a pessoa que você foi e a pessoa que você se tornou? Contribuem para as suas vitórias, e acompanham as suas frustrações e conhecem as suas mágoas? Estão sempre ali por você?

A série da Netflix “As Inseparáveis” (*Firefly Lane, “Amigas Para Sempre”) logo que estreou teve um boom de visualizações. Afinal, tratar de temas tão importantes como a amizade, o desenvolvimento, a infância e a juventude, sempre atraem olhares, ainda que com doçura, amor, e um pouco de maldade.

Quando a produção consegue mexer com a gente, nos inquietar, tocar mais fundo, despertar uma identificação, não tem como não ser um sucesso de audiência. O nível de envolvimento determina, e pode ser, a única razão pela qual gostamos ou não de alguma coisa.

*Firefly Lane conta com a direção de Maggie Friedman (de “Dawson’s Creek”), e no elenco com a ex-queridinha da América, Katherine Heigl (Tully), e Sarah Chalke (Kate).

A série é baseada no romance de mesmo nome, de autoria de Kristin Hannah.

** Contém spoilers **

Tully e Kate são melhores amigas desde a juventude, e uma sempre foi essencial na vida da outra, apoiando, ajudando, invejando, despertando ciúmes (mas faz parte, não é?).

Nos dias atuais, Tully é uma renomada apresentadora de TV assombrada por seu passado, e Kate é uma dona de casa, que depois de casada e mãe, deseja voltar a ter uma carreira profissional.

A cada episódio, o roteiro nos apresenta o passado e o presente das amigas, para que nos faça entender o que as fez chegar até uma determinada situação. Expondo suas emoções e vivências, e como elas as impactam na atualidade.

Além da amizade que move a trama, o enredo aborda questões muito femininas, como o aborto, estupro e assédio. No entanto, um mistério conduz a série e abala a relação das melhores amigas. Só que ao invés de já incluí-lo desde o início da história para enriquecer a narrativa, ele é sempre exposto ao final dos episódios e não aguça a curiosidade do espectador, que acaba por deixá-lo lá meio esquecido, numa situação quase sempre sem contexto.

E apesar de envolvidos na amizade de Tully e Kate, lá pelo terceiro episódio da primeira temporada, o interesse na série vai ficando meio perdido, porque ficamos sempre numa narrativa que não se concretiza para o romance e nem para o drama, e a sensação é a de estarmos no meio de uma piscina, que por vezes da pé, e por vezes não.

Contudo, a reflexão que a série nos deixa até aqui é importante: a bagagem que você carrega diz muito sobre quem você é. As suas emoções, seus instintos, sua confiança, tudo é determinado pelo que você viveu, pelo que aprendeu e com quem conviveu. Nós evoluímos e crescemos com a bagagem que carregamos. Nossa história está toda ali dentro. O importante é não usar a bagagem como um fardo, mas sim como um aprendizado, a partir de nossas experiências.

Eu vivi uma infância e adolescência muito feliz. Com muitos amigos, brincadeiras e importantes descobertas. Vivi o que precisava viver. Lembro com saudade e sempre com um sorriso no rosto. Foi intenso em muitos momentos, e é quem sou, é o que faz de mim a mulher, profissional e mãe que me tornei.

Minha família, meus amigos, minha história.

E mesmo que em alguns momentos a série não se desenvolva de forma mais profunda, o saudosismo que ela traz, comove. E espero que você tenha oportunidade de viver isso também.

“As Inseparáveis” está disponível na Netflix.

A segunda temporada ainda não foi confirmada oficialmente, mas espera-se a estreia para o início de 2022. E eu fico aqui à espera de uma continuação que venha com mais impacto e faça jus aos laços de amizade. ️

Nota: este artigo foi escrito seguindo as normas de português do Brasil.

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