Mulan

*Contém Spoilers*

As expectativas que tinha para ver este filme eram muito altas. Adoro a história na animação que a Disney vendeu ao mundo e apesar de já saber que algumas das minhas personagens favoritas não iam estar presentes neste filme, mantive a crença que ia ser fantástico pois os trailers mostravam alguma imagens interessantes. Como não podia ser? Mas não foi.

Até vi uma segunda vez para ter a certeza que não eram as minhas expectativas que escreviam este artigo. A segunda impressão foi ligeiramente melhor que a primeira – se deixarmos por um momento a versão animada de lado – mas continua a não ser suficiente.

A comparação é inevitável. Não considero que este seja um filme para crianças, do original substituíram a leveza e o divertimento por lutas e seriedade. Pode até ser mais próximo da realidade mas para mim não funcionou. Falta-lhe qualquer coisa, talvez sejam as frases e passagens mais incógnitas que foram retiradas mas o filme não me empolga, não me emociona e não acrescenta grande coisa a nível histórico. É um filme de acção e é só isso.

Apesar de assistirmos a alguns momentos da infância da Mulan – o que ajudou a ligar o conceito do Chi (energia) forte – acredito que faltou profundidade emocional, a actriz Liu Yifei não trouxe à personagem as emoções que faria, do meu ponto de vista, o filme funcionar. Na animação a Mulan não é tão séria, é mais liberta e divertida, o que não transpareceu neste filme. Durante os cerca de 120 minutos senti que havia contenção nas personagens – mesmo que na história a Mulan tivesse que ocultar o seu Chi dos olhares alheios – achei que podiam ter aprofundado muito mais as suas emoções e isso ajudava a chegar mais longe.

A destacar pela positiva: A ideia da ave de Bori Khan – o mauzão – interpretado por Jason Scott Lee ser uma mulher com um chi também forte, independentemente das más escolhas feitas, tornaram as coisas interessantes e sendo diferente do original, podia ter sido uma janela a explorar. A caracterização e alguns efeitos especiais também me pareceram um ponto positivo. E por fim, uma ou outra personagem – mesmo com papel “pequeno”- como Hua Xiu (irmã da Mulan), interpretada por Xana Tang que se fez notar. De notar que eu não esperava uma cópia da animação, mas os elementos introduzidos (ou retirados) teriam que trazer equilíbrio a este “remake”.

Em suma, muita coisa pareceu-me artificial ou forçada e faltou cumplicidade nas interacções. Para mim é um filme limitado, concentrado em si mesmo e a ideia com que fiquei foi que as personagens não ganharam o cunho pessoal de quem as representava. Custa-me esta avaliação porque este era um filme com todo o potencial para ser melhor. Creio que o investimento não compensou (independentemente da situação que vivemos). Uma boa parte do elenco é bem conhecido na área e alguns “takes” muito bons mas faltou uma ligação, um fio condutor que levasse este filme à ribalta.

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