As questões geracionais são sempre um tema merecedor de ser pensado e até mesmo analisado já que engloba uma série de características sociais e humanas, que por vezes não nos despertam a atenção de modo a estudar e avaliar os cenários geracionais, e pensar sobre eles.
Assim, se pensarmos nas gerações anteriores à nossa, encontramos pessoas que cresceram e foram educadas com o objetivo de alcançar um emprego de sonho, poder comprar um carro muito potente, da marca X ou Y, em suma, falamos de pessoas que foram educados e criados geracionalmente a pensar que a sua vida teria que ser melhor do que a dos seus pais, pois isso seria uma vitória alcançada, obter mais valias e mais valores do que os que foram conquistados pelos seus progenitores, não por soberba ou avareza, mas para deixar mais para os seus filhos, até mesmo porque tiveram também melhores condições de vida, quer económicas quer sociais, do que os seus antecessores.
Ser adulto e ter uma colossal casa com piscina e uma grande família, nas gerações que nos antecederam era sinónimo de sucesso social. Contudo, o que é um facto é que esta nossa geração já não tem estas mesmas ambições, o enquadramento do crescimento e da educação foi outro completamente distinto.
Nesta sequência, e em face dos tempos que se vivem nas últimas décadas, de stress, de agitações políticas, emocionais e sociais, de repente, os valores sociais foram sendo alterados e a sociedade nem se apercebeu das mudanças que foram sendo orquestradas.
Fomos adaptando formas de ser e de estar, e de repente os valores já são outros. É mais difícil encontrar pessoas que ainda sintam o real apego emocional às suas raízes, e de repente, já não pretendemos ter uma casa grande para viver, nem queremos ter um trabalho das 9:00 às 18:00, apenas porque já não é essa a realidade em que nos enquadramos, deixou de fazer sentido para nós este tipo de rotina.
A casa imensa com uma piscina fantástica, provavelmente já não vai poder ser aproveitada e valorizada, porque a família já não é tão grande que o justifique e por outro lado, já não valorizamos estes aspetos como fundamentais na nossa vida, para que possamos ser felizes!
Esse já não é simplesmente o nosso registo.
Estamos diferentes porque a sociedade e as rotinas do dia a dia nos moldaram e nos tornaram seres que procuram outros valores, e que apreciam outras situações e vivências ao longo da sua existência, seremos culpados ou apenas vitimas de uma sociedade que nos autonomizou, e nos tornou quase em coisas, em vez de pessoas, com sentimentos e emoções tão bonitas de sentir e de viver?
Perdemo-nos no tempo.
As nossas motivações agora já são outras, o tempo para estar em família é cada vez mais escasso, e o tempo que temos em família é cada vez mais aproveitado em registos diferentes.
O que agora nos move, enquanto geração são os objetivos, o reconhecimento profissional, a realização pessoal, em moldes distintos dos anteriores, ter apenas um filho é cada vez mais uma opção, mais do que uma questão económica e social.
Trabalhar no que verdadeiramente gostamos é o que nos motiva em termos sociais, importa menos se é seguro ou não o meu posto de trabalho, se estou a trabalhar no que verdadeiramente gosto, então vamos lá, mostrar competência, garra e dedicação, se não corresponder procuramos outro projeto que tenha mais a ver connosco.
O paradigma do emprego para toda a vida deixou de fazer sentido nos dias de hoje. Os jovens procuram o que lhes dá gozo fazer verdadeiramente, se por inerência for um local estável para se trabalhar, então excelente. Mas se porventura surgir outra oportunidade mais tentadora, numa outra empresa que me ofereça um projeto mais estimulante e interessante, esta geração não tem qualquer problema em deixar o emprego onde se encontra e de novamente abraçar um projeto novo.
Somos cada vez mais, à semelhança do universo que nos rodeia, seres que procuram a sua independência, e felicidade, ainda que isso possa significar ter que viver num T0!
As ambições da atual geração são muito mais imediatas do que a longo prazo, são projetos para hoje mais do que para a próxima semana, fomos percebendo com o tempo que tudo é demasiado efémero e portanto também as nossas ambições, desejos, motivações e sonhos tem que ter um carácter mais imediatista do que prolongado no tempo, a vida segue sempre, como antes também não parava, mas o que é um facto é que assustadoramente este tempo de agora, parece passar bem mais rápido do que na época dos nossos pais ou avós, em que ainda éramos crianças e as férias de verão eram imensas, diria que era a época mais ansiada do ano, logo a seguir ao Natal.