As férias de Verão são uma altura excelente para se levar a cabo a tão necessária reflexão política que a União Europeia (UE) necessita de fazer. Espanha enfrenta hoje uma grave crise política que impede o país de ter um Governo e, muito em breve, este será um problema que se irá generalizar um pouco por toda a UE devido ao crescente descrédito do dito “centrão” e crescimento das forças extremistas.
E porque razão tenho esta visão pessimista do futuro europeu pergunta – e bem – o leitor(a)?
Porque nos últimos anos a UE (mais concretamente a zona euro) tem seguido uma linha de orientação política que mais faz recordar o famoso politburo da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A única grande diferença entre a URRSS e a actual UE está na forma como um e outro impõem a sua lógica. A URSS recorria à força das armas sempre que algum dos seus “Estados-membros” seguia um caminho diferente do pensamento único de Moscovo. Já a UE dos nossos dias (dominada pelo Partido Popular Europeu – a.k.a. Direita europeia) recorre às famosas sanções, manipulação grosseira da opinião pública e mercados financeiros sempre que um dos seus Estados-membros periféricos não segue o pensamento único de Bruxelas.
Alias, bem vistas as coisas a URSS e a UE dos nossos tempos não são muito diferentes tanto na forma como na orgânica. E será muito por isto que a UE irá – mais cedo do que se pensa – cair com o mesmo estrondo que caiu a URSS. Mas isto é tema para outras tertúlias.
Face ao exposto até aqui não será nada difícil ao leitor(a) perceber qual a razão para ter aqui dito que o impasse político espanhol se irá generalizar um pouco por toda a Europa. Isto a não ser que o “politburo” de Bruxelas resolva fazer uma profunda reflexão que retire da União Europeia a política dos burocratas do Excel, da ditadura dos mercados financeiros e do secretismo negocial.
Não será assim tão complicado à Europa Unida sair deste tortuoso caminho que culminará na sua implosão. Basta que Bruxelas regresse aos tempos do diálogo que esclarecia o cidadão e nos fazia sentir primeiro Europeus e somente depois nacionais dos nossos países.
Contudo, para isto é preciso que a ortodoxia do Partido Popular Europeu e seus acólitos (os Direitolas como Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas por exemplo) percebam de uma vez por todas que não é a através da imposição de políticas de austeridade – sob o estapafúrdio -pretexto fatalista de que quem nasce pobre será pobre para todo o sempre – não é o caminho que temos de traçar para que o problema espanhol não venha a ser uma triste e perigosa realidade em toda a Europa.