Atualmente, as redes sociais tomaram conta da vida das pessoas de uma forma que se toma por ideia de que se alguém não publicou algo é porque não aconteceu. Isto verifica-se desde as coisas simples do quotidiano até às coisas que fogem à rotina. Como exemplo destes dois cenários, podemos encaixar coisas que acontecem semanalmente, tais como uma ida ao ginásio. Se alguém publica uma vez e não publica outra é deduzido que não compareceu. Quando isto acontece num evento esporádico (um concerto, um aniversário) não há praticamente margem alguma para se pensar que a pessoa esteve presente.
As redes não tomaram conta só do nosso social, imiscuíram-se em certo ponto, até na nossa relação com o trabalho. Se alguém não publica algo que promova o seu local ou ambiente de trabalho deduz-se que não se é realizado, ou que está num trabalho que não lhe dá vontade de partilhar com o seu meio social.
Acredito que neste momento aquilo que se torna mais tóxico no quesito redes socias é a exposição ou a falta dela nas relações amorosas. O facto de não publicar fotos e vídeos é encaixado na ideia de que a relação não está bem ou não é para durar. Pouquíssimas pessoas nos dão o direito de sermos reservados nesse campo, existe sempre um ponto de interrogação no porquê de não publicar algo, como se estivéssemos a esconder ou a negligenciar.
Existe até um certo pensamento padrão sobre términos, baseada na perspetiva de que a pessoa que termina um relacionamento e está constantemente a publicar momentos nas redes sociais é porque ela não é a que “levou com os pés”. Isto porque vende “a tal felicidade” que concerne aos outros a ideia de não estar de luto. Ou também gera deduções como o controlo e o ciúme, como que se a pessoa de repente tivesse permissão para ter essa liberdade de se expor, que antigamente não a teria, “possivelmente” por estar numa relação tóxica.
Há também um padrão de pensamentos assente na ideia de que se uma pessoa começa a cuidar-se mais fisicamente, a expor-se um pouco mais é porque está obviamente à procura de um novo relacionamento. O amor-próprio é completamente excluído nestes conceitos.
O ser humano constrói primeiramente a personalidade de alguém pela forma como ela se relaciona com as redes sociais. Mais tarde e se a versão online lhe agradar, tem vontade de conhecer o offline.
As inseguranças também entram no campo de amizade, como as companhias favoritas, ou algum desmerecimento de alguém em particular que não foi convidado para determinado evento ou uma simples saída.
No entanto, as redes sociais, como quase tudo na vida têm os seus dois lados da moeda. Assim como o próprio nome o diz são “redes”. Ou seja, elas permitem que hoje exista informação que circula por todo o mundo, assim conseguimos ter acesso a conteúdo que acontece fora da nossa zona.
Permite que as pessoas se comparem, que digam que se para o outro foi possível, também para si poderá ser. Destrói preconceitos, abre a mente e aumenta a ambição residente nas suas ideias e projetos. De não ficarmos completamente agarrados à ideia do mesmo local e que nos faça ter mais vontade de crescer não só como profissionais, mas também como pessoas.
Será que destrói preconceitos? Talvez os inflame ainda mais, ou até os promova.
Fonte de grande parte das “fake-news”. Recreio para os amantes da incitação ao ódio.
Há os que publicam a foto da pulseira da triagem de Manchester para comprovar que realmente foram ao hospital. Até há os fazem diretos em velórios de familiares. É só ridículo!