Re(a)novar

Eis que, após a azáfama das festas de Natal e Réveillon, enfrentamos novamente o desafio de um novo ciclo de trezentos e sessenta e cinco dias.

Depois de tanto bulício, do consumismo exagerado, da correria para os preparativos de uma festa que deveria ser tudo, menos ao que assistimos atualmente na maioria das famílias.

Sente-se sempre uma certa nostalgia relativamente às festas de família de antigamente. Agora existem as cadeiras vazias dos que já partiram e nos fazem sentir menos completos.

Faltam as filhós da avó e o cheirinho a canela no ar, o sapatinho de verniz na chaminé e a noite mal dormida na pressa de acordar de manhã para desembrulhar a prenda, muitas vezes apenas umas meias ou um par de cuecas penduradas numa caixa que nos fazia acreditar que o Pai Natal existia de facto.

Nestes momentos fugazes das festas, esquecemo-nos de que, fora dos nossos lares quentes e fartos de comida, existem outros cenários dramáticos: um velho numa casa vazia de nada, uma criança na rua tremendo de frio e cheia de fome, um soldado morto na guerra e a família que lhe perdeu o rasto, um doente que já não tem esperança de sair vivo do hospital, uma mãe que sofre a dor de ter perdido um filho…

Mas acima de tudo, alheamo-nos da situação mundial catastrófica que vivemos na atualidade.

Por instantes, nem os fogos de artifício atirados ao céu nos fazem recordar que outros fogos muito mais letais são lançados em guerras no outro lado do mundo, dilacerando vidas, crianças e velhos, indiscriminadamente, sem dó nem piedade.

Chegou a hora de parar para refletir sobre o Mundo que queremos para este novo ano.

Não basta tomar resoluções pessoais e tentar cumpri-las. Contudo, se cada um de nós conseguir fazer a sua parte, já estaremos a contribuir para o bem comum.

O tempo que vivemos agora apela à introspeção, ao balanço da nossa vida, ao planeamento do futuro, ao aquietar e voltar para dentro, refletir sobre o que desejamos assistir nestes novos dias que se aproximam.

Aprendemos com o passado, crescemos e projetamos um futuro melhor para as gerações vindouras.

Ainda existe um rasgo de esperança no coração da humanidade que persegue a Paz e o Amor. Existe o apelo profundo e urgente em cada um de nós para a construção de um mundo melhor.

É essencial despir o velho para vestir o novo, retirar as máscaras, SER.

Dentro de nós encontraremos as respostas que nos guiarão até à Plenitude e União.

Brindemos, então, ao recém-chegado ano!

Nota: Este texto foi escrito segundo as regras do novo acordo ortográfico

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