Podemos Sempre Tentar

Quando fazemos alguma coisa pela primeira vez sentimos sempre aquele nervoso miudinho e ouvimos a nossa voz interior a dizer que não estamos preparados para o fazer. Umas vezes ignoramos essa voz porque a vontade de agir se torna maior, outras vezes deixamos que os nossos pensamentos nos influenciem de uma forma que nos leva a nem sequer tentar, e desistimos. A perceção de que já perdemos muitas oportunidades para o medo de não sermos bons o suficiente permite-nos confirmar esta teoria.

No entanto, aquilo que podemos fazer é apenas tentar. Se é a ideia de criar expectativas demasiado altas que acabarão por sair goradas que nos impede de avançar, podemos deixar essas expectativas de lado e tentar. Sem criar demasiado aparato à volta disso, sem querer ser o melhor, sem fazer comparações com alguém que teve sucesso a fazê-lo, sem pressões.

O que quer que seja que estamos a tentar, pode ser apenas isso: uma tentativa. Porque o que mais nos impede de começar é a ideia de como tudo se vai passar, os possíveis problemas que surgirão, o que as pessoas vão pensar se o fizermos, a forma como nos vamos sentir quando falharmos e nos arrependermos de ter seguido aquele caminho. Toda a história à volta dessa oportunidade é criada dentro da nossa mente verdadeiramente imaginativa. E toda esta história é criada sem sequer termos começado.

Deixar de lado certas expectativas não é o mesmo que esperar sempre o pior e tentar estar preparado para tudo o que de mal possa acontecer. Não podemos controlar tudo, nem os resultados nem os potenciais problemas. Mas, se o que dominar a nossa cabeça forem os (im)prováveis obstáculos que criamos, acabaremos a percorrer um caminho de angústia e ansiedade, sempre à espera do próximo problema, atentos à próxima vez em que vamos derrapar, sem nunca desfrutarmos do caminho.

Assim, com a ideia de tentar podemos chegar mais longe. Primeiro, porque não estamos a agir sob pressão, estaremos provavelmente mais relaxados e, segundo, porque sabemos que dali pode sair alguma coisa especial. Dali podem sair novas ideias, novos caminhos, até uma nova vida. Se não for assim, pelo menos ganhamos experiência e vontade de tentar outra vez.

De qualquer forma, o simples ato de tentar torna-nos mais propícios a descobrir uma nova paixão, uma nova mentalidade e até uma nova atitude perante a vida, algo que nunca aconteceria se nos mantivermos no mesmo de sempre, no mais fácil, naquilo que conhecemos. E para que serve a nossa existência, se não para experimentarmos coisas novas e irmos descobrindo o que realmente nos inspira? No final, mais vale uma experiência menos boa, mas a certeza de que arriscamos e acreditamos no nosso potencial, do que ficarmos a pensar em tudo o que podíamos ter feito mas para o qual não tivemos coragem.

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