Começo o ano ao sabor da viagem que realizei no final do ano anterior. Sinto que ainda estou em ritmo de descoberta, desfiz as malas, continuo em viagem. Estive na Argentina e no Chile, ou melhor, em alguns lugares destes países fantásticos, cheios de vida, de história, de beleza.
Entre outros sítios, falo-vos de Buenos Aires pela sua vivacidade, cor, grandiosidade, calor, entre a beleza da Reserva Ecológica em plena cidade – com o esplendor do rio da prata –, ao Caminito junto ao bairro do Boca Juniors e ao seu estádio (la Bombonera), à avenida 9 de Julho (dia da independência da Argentina) sem deixar de ver a catedral onde é homenageado também San Martin – o grande herói da pátria – e de visitar o antigo Cabildo, onde em tempos coloniais tudo se decidia e detinha! Que bom repousar ao som do tango no Café Tortoni e entrar pelos museus lindíssimos da cidade, destaco o Museu Balba, sem nunca perder de vida a cidade, ela mesma um museu vivo.
De Buenos Aires passei para Santiago do Chile, cidade entre os Andes. A capital deste país estava marcada, nos dias em que lá estive, pelas batidas do frenesim popular, como se percebia nas noites de recolher obrigatório e nos grafitis por toda a cidade, como os museus e igrejas acenavam por fora, pois estavam cerrados a metal como proteção de outros estragos. Santiago fez-me experimentar a enorme diferença entre a história vivida e a que nos é contada à distância, a força da liberdade e a insensatez da violência. Aproximarmo-nos da realidade ajuda-nos a melhor a compreender. Muito mais diria de Santiago!
Atravessei a inesquecível Patagónia, entre Torres del Paine, o vulcão Osorno, e os demais à sua volta com seus lagos celestiais, a ilha de Chiloé, com seus pinguins e tanto mais, o quase extremo do mundo em Punta Arenas, e tantas paisagens absolutamente transcendentais! Fiquei espantado com o impacto de Fernão Magalhães no sul do Chile, onde a região e uma quantidade interminável de instituições e de empresas têm o nome do navegante Português: Magallanes. Em Puerto Varas tive a oportunidade de reencontrar uma forte presença alemã e também de desfrutar de um maravilhoso rafting e canopy, entre o espanto da beleza daquele lugar.
Inolvidável a experiência de contemplação do glaciar Perito Moreno, junto à fronteira entre o Chile e a Argentina, com os seus cinco quilómetros e 60 metros de altura, envoltos por montanhas e lagos, em tons de azul celeste.
Entre as caminhadas por tão belos lugares, recordo também a experiência cheia de significado que partilhei com a minha companheira de viagem, que mais me despertou para a beleza da bondade em todos os momentos, como também nos mais difíceis quando algo não corria como expetável. O caminho da generosidade, da atenção e do respeito para connosco e para com os outros é verdadeiramente o mais belo e frutuoso. Essa é a viagem na qual quero permanecer!