Defending Jacob (2020) – Crítica

I don’t believe him.

– Laurie

Esta série conta a história de Andy (Chris Evans), um advogado de acusação, a quem é assignado um caso que envolve o homicídio de um colega da turma do próprio filho, Jacob (Jaeden Martell), que se torna o principal suspeito do crime.

Uma série com uma premissa melhor do que a execução que lhe foi dada. O formato desta série não é inovador de forma alguma mas é uma “fórmula” que normalmente resulta para a história que quer contar.

Falando da representação, temos aqui três protagonistas muito sólidos, com especial realce para Jaeden Martell como Jacob que consegue entregar um papel com uma clara instabilidade emocional mantendo-se ambíguo como a personagem. Chris Evans consegue aqui afirmar-se como um competente ator dramático comprovando a sua versatilidade para os mais variados géneros que lhe são apresentados e que é muito mais que um “ator de filmes de super heróis”. Por fim Michelle Dockery como a atormentada mãe Laurie consegue apresentar um alto nível de representação nos 8 episódios. Existem ainda algumas participações de atores veteranos poderiam ter sido melhor aproveitados.

A série tinha potencial para mais, se tivesse conteúdo para a história que quis contar. O que sinto é que a série acaba por ser muito inconstante nos ritmos dos episódios – temos episódios em que não existe qualquer evolução da história ou personagens e depois episódios em que acontece tudo. Algo que tornou toda a experiência menos agradável.

O final (do qual falarei em detalhe mais abaixo) é comprometedor e prejudica ainda mais toda a experiência e investimento que tinha sido ganho pela série.

Em resumo, Defending Jacob é uma minissérie “da moda” sobre um crime misterioso e a sua resolução, com atuações muito bem conseguidas, um ritmo inconstante e um final ”insosso”.

* CUIDADO COM SPOILERS *

Toda a história gira em torno de um assassinato de um colega de turma de Jacob, o qual se vem a descobrir que era mau para Jacob e que gozava constantemente com ele. Isto é um bom gancho pois logo de forma imediata dá um motivo à personagem e pode gerar também empatia no espectador pela criança que está a ser acusada. Durante o primeiro episódio existe uma cena em que Jacob parece saber mais do que revela ao pai, Andy. Estes pequenos sinais criam logo a dúvida na mente do espectador se poderá ser Jacob o real assassino. Essa hipótese parece entretanto ficar mais longínqua quando acompanhamos paralelamente um homem que parece ter tido uma relação imprópria com o jovem assassinado. No meio de muitas pistas e ações contraditórias , no final do julgamento, quase toda a gente incluindo os próprios pais não conseguem deixar de pensar que de facto foi Jacob pelas várias provas e indícios que se revelam.

Entretanto o homem que vínhamos a acompanhar de forma paralela confessa por escrito o homicídio e mata-se. No último episódio a série tenta impor aqui um twist dentro de um twist em que descobrimos que o homem foi obrigado a matar-se e a assinar uma confissão por um capanga do pai de Andy que quis proteger o neto e logo aí a dúvida renasce. Gostei de como numa viagem feita pela família para “fugirem” de tudo aquilo uma nova rapariga desaparece sem deixar rasto, acabando por ser encontrada morta e a última pessoa com quem foi vista foi Jacob que volta a apresentar um comportamento estranho.

Nenhum destes twists me incomodou, o grande problema para mim e que comprometeu a série é que propositadamente fica totalmente ambíguo se foi Jacob ou não, em ambas as situações, a final acaba por se direcionar mais sobre apresentar um estado mental frágil de Laurie do que sobre a possível culpa do filho e por isso desiludiu-me e estragou grande parte das experiências boas que a série tinha oferecido até então.

Episódios Favoritos:

S01E07: JobO melhor episódio de longe de toda a série pela forma como desenvolve os acontecimentos e temos o clímax de toda a ação com o julgamento de Jacob, com ótimas interpretações e revelações.

S01E03: Poker Faces – O primeiro episódio que de facto mostra todo o potencial da série, com um ótimo tema geral e alguns índicios de que algo pode não estar bem com a situação familiar dos nossos protagonistas.

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