
Muitas vezes, o amor existe, mas é expresso de maneiras obscuras. Muitas vezes, demonstramos aquilo que sentimos de forma absurda, porque guardamos muito de nós mesmos em nós e, na maior parte das vezes, só precisamos de ser nós mesmos. É aqui que os românticos e crentes em “algo mais” e no próprio destino precisam que o universo os oiça e corresponda às suas expectativas, caso contrário, o colapso de nosso alicerce e da nossa verdade fundamental atinge proporções ingratas.
Na série “You”, Joe Goldberg (interpretado por Penn Badgley), um bibliotecário modesto, vai ao fundo de si mesmo para partilhar com o (seu) mundo todo o seu carinho e admiração incondicional por Beck Guinevere (a deslumbrante Elizabeth Lail), uma rapariga que conquistou o seu coração assim que se conheceram, num encontro inesperado e romântico em plena biblioteca. Esta série mostra que não há limites para o amor e até onde uma mente apaixonada pode ir para preencher o seu vazio sentimental de carência e necessidade de conquistar, a todo o custo, o coração, realisticamente inalcançável, da sua amada.
No começo, Joe começa por controlar Beck nas redes sociais, chegando ao extremo de estar a par de toda a sua rotina e dos seus horários, ao ponto de não deixar escapar nenhum detalhe, para estar apto a dar, racional e estrategicamente, o próximo passo na sua conquista. Joe vive na ilusão de que o caminho para imortalizar o seu amor passa por manipular a naturalidade dos acontecimentos, não deixando fluir os ventos que, a serem de facto inevitáveis, fariam, quer se desejasse quer não, esta relação um mar de simplicidade – pois, algo que é indiscutível é que o verdadeiro amor é aquele que chega de forma inesperada e permanece por que o mundo, o destino e o universo assim o desejam.
Um hino às relações (tóxicas) da actualidade, focadas na superficialidade e no fazer as coisas acontecer a todo o custo, descorando o essencial e a simplicidade de uma ligação que, a ser verdadeira e genuína, pode atravessar montanhas e tempestades, mas chegará sempre a onde é preciso: ao encontro autêntico e inevitável de almas.
You
Argumento - 90%
Interpretação - 85%
Realização - 80%
85%
Um suspense nostálgico. Intelectualmente romântico