Pois é malta. Já vamos na segunda temporada de um programa que é um sucesso de audiências (dizem eles) e um fiasco na concretização dos desejos desta malta, que é encontrar o amor. Estava ciente de que, com os desgostos da primeira temporada, os especialistas iriam ficar por ali, mas não. Podem ser especialistas e até ter bastante sucesso fora das câmaras, contudo, casarem malta na televisão não é de todo a especialidade deles.
Este programa dá-nos um cheirinho de qualquer coisa a mais, em relação ao primeiro. Encaremos este programa como um upgrade de casais. Vamos por partes:
Casal Liliana & Pedro
Lembram-se da primeira temporada, do casal Daniela e Daniel? Aquele casal sensação, com o “mesmo” nome, em que se tivessem uma criança iriam chamar a pobre criatura de “DanyElla Love”? Pois, bem, foram atualizados para o software Liliana & Pedro. Que casal tão xuxuzinho, tão mi-mi-mi, tão apaixonado, que logo no dia do casamento deram ali um linguadão daqueles de fazer inveja ao Jack e à Rose do “Titanic”. Estes dois, ao pé deste casal 2.0, são uns meninos.
Eles lá se “apaixonaram”. Foi amor à primeira vista, trocas de juras de amor, frases como “sinto que já nos conhecemos numa outra vida”, mas, malta, sabem a que se chama a isso? Casamento de sonho. Casamento na praia, com tudo a que temos direito, sem gastar um tostão, nós lindas de morrer com um vestido de noiva de faltar o ar, um gajo de fato no altar, uns comprimidinhos para os nervos, feromonas no ar e câmaras por todo o lado e é só isto. Qualquer pessoa vestida para casar numa praia, seria amor à primeira vista, nem que fosse para ficar bem no vídeo na televisão. Menos a Ana Raquel. Essa não tem papas na língua e não conta para a estatística. Vá, o rapazinho da Lili até tem a sua graça. Dois desconhecidos num altar estavam à espera do quê?
Depois da cerimónia, daquele amor todo, das feromonas todas alteradas, vão para a lua-de-mel. Tudo é bonito, maravilhoso, o amor está no ar e vai que o homem perde a aliança. Pronto, a coisa começa a descambar, já é mau presságio, diz a Liliana. Aqui, os pombinhos têm a primeira zanga: o Pedrinho comprou a primeira pulseira que viu. Que motivo importantíssimo para arranjar amuo! Impulsivo, diz a Liliana, que já começa a torcer o nariz.
A lua de mel acaba e lá começa o fandango, primeira prova: jantar de casais! Pumba! A Liliana fartou-se de cuspir fogo e mandar indiretas ao Pedrinho que estava ali um bocado a navegar na maionese. Se ela cuspisse comida, nem precisavam de servir o jantar ao Pedro. O fogo do casal, pelo menos da nossa menina de Sacavém, já se está a desvanecer, porque o moço é muito cola, muito nhac nhac, gosta de estar grudado. Já a Lili, que disse que no início é tudo tcharan, mas que depois desaparece num instante, já nem o pode ver à frente. Pois é, babe, uma coisa é arrancar a 20km/h e ir aumentando a velocidade, outra é arrancar logo nos 100km/h e morrer na praia.
A Daniela, da primeira temporada, era toda ligada às pedras e sentimentos à flor da pele e conexão espiritual, aqui temos uma evolução espiritualista e a nossa Lili é ligada a essas coisas, mas virada para as plantas. O drama e o horror que foi aquela mulher meter os pés em casa e não encontrar a planta para alinhar os chacras e de afastamento do mau olhado. Se querem ver a Liliana virada do avesso, é roubarem-lhe a planta que vão ver a fera em que a moça se transforma. A mim chateia-me não ter dinheiro para comprar uns sapatos sola vermelha, ou uma mala milionária. Isso, sim, é motivo de revolta, até porque o meu bom gosto só vai para esses lados. No entanto, à Liliana não. À Liliana chateia, peço desculpa, revolta, não terem colocado em casa o raio da planta verde. Não é a amarela nem a azul, que essas ela não precisa para nada, é a verde! Não façam a moça ter uma arritmia.
No episódio do jantar, acabamos a sessão com a Lili a mandar aquele olhar fulminante à Ana Raquel, que, se eu fosse a ela, comprava uma planta contra o mau olhado, porque a Liliana vai ali mandar um dos bons.
Casal António & Lurdes
O António é daquelas pessoas que andam a ver os navios a passar, a navegar na maionese e vai de vez em quando a “Namec” e esquece-se de voltar à terra.
O homem que já foi ao “carro do amor”, já deveria ter percebido que não vai encontrar a sua lady na televisão. Vai ter de se fazer à vida sozinho como toda a gente. Tem o Tinder, o Badoo, o Facebook… o que quer mais? Tem de ir para a televisão?
A Lurdes é aquele upgrade falhado da nossa Graça da primeira temporada. É tipo as marcas brancas de um supermercado. A mulher é toda para a frente, mas é muito comichosa, não chega aos pezinhos da Graça, que mandava os bitaites com classe e insultava de forma subtil. A Lurdes é aquela pessoa peixeira, que foi para a televisão arranjar o amor, porque ali há a opção de lhe baixarem o volume da voz no ecrã e na vida real não.
Chama o António de forreta, que até tem o cuidado de poupar o dinheirinho, para o caso de haver outro programa de engate e ter de pagar outro chapéu de 20€ à nova candidata.
Casal Anabela & Lucas
Nem sei muito bem por onde começar com estes.
Do Lucas, tenho a salientar aquelas sobrancelhas e aqueles óculos aos corações que usou na lua de mel. Não consigo ter palavras para aquilo. A Anabela, como não tinha muito para fazer e, em vez de tirar férias ou fazer yoga, decidiu inscrever-se no programa. Precisa de aumentar os seguidores no Insta. Cada um ocupa o tempo como quer.
Como estava toda endrominada pelos nervos e feromonas do casamento e depois de um copito a mais na boda, o noivo até lhe pareceu um pedaço de mau caminho e a miúda afinfou-se a ele. Foi beijinhos, apalpanços e miminhos e depois, na lua de mel, já sóbria, a Anabela começou a ver a peça que lhe tinha calhado. A moça que quer ser influencer (pela quantidade de fotos que tirou durante as férias) calhou-lhe o Lucas que não tem a mínima pachorra para lhe tirar 1500 fotos e ela dizer “só mais uma que esta não ficou bem”. Confesso que até eu concordo com o moço neste aspeto.
A partir daí, a moça começou a cortar com o rapaz que ficou completamente perdido na ilha. “Era ela que me beijava que vinha atrás e, agora, afastou-se e não percebo porquê e ainda diz que eu é que estou a ir depressa demais”. Oh, Anabela, isso não se faz! Diz ela que ele anda a 100km/h e ela a 5km/h, que a bagagem dela pesa. Não, querida, tu apenas percebeste que não achas piada nenhuma ao teu “marido” e usas isso como desculpa.
A mãe da noiva que estava bem sóbria, no dia do casamento, arrematou logo o genro: “é feio que nem trovões”. Oh, senhora mãe da Anabela, eu sei que o moço não é nenhum Brad Pitt de Hollywood, é só o Lucas do Seixal, mas podia disfarçar um bocadinho a coisa, não é? Os especialistas acharam que eram o match perfeito, porque ele é barbeiro e ela adora essa área e o sonho de vida dela até é trabalhar numa barbearia.
Pessoal, até o Tinder percebe que estes dois não foram feitos um para o outro. Se a lógica deles for sempre essa, podem juntar um hipocondríaco com uma farmacêutica que ganha à comissão. Química perfeita. Podemos incluí-los aqui num amor/ódio Sónia e João da primeira temporada. A Sónia quis aproveitar a lua-de-mel sozinha e a Anabela vai pelo mesmo caminho.
Casal Hugo & Inês
Este é aquele casal chato, aborrecido, sem sal, sem açúcar, sem mel, sem pão, sem fiambre, sem nada, basicamente.
É aquele típico casal que se conheceu na primária, eram vizinhos, namoraram, casaram e vão morrer juntos. Basicamente, é isto. Têm uma moradia nos subúrbios, um cão no quintal, usam a Bimby para cozinhar e vão à missa ao domingo de manhã. Trabalham das 9h às 18h, de segunda à sexta feira e à sexta é que vão jantar fora. Ela é aquela vizinha cusca que sabe a vida de toda a gente no bairro e que te cobra todas as gotas de Fairy que lhe fores pedir.
Ele pensou que era gay e não tinha ainda descoberto, quando viu um homem no altar ao lado dele, e ela sofre bulliyng em silêncio da irmã há anos. Psicólogos deste país, ponham os olhos nesta moça, que vai render uns bons euritos numas boas sessões. É só mesmo isto. Não consigo dizer mais nada. Deixo para vocês o resto, caso queiram acrescentar mais alguma coisa. Claramente um upgrade do casal Isabel e Cláudio, o açoriano. Sem graça nenhuma.
Casal Marta & Luís
Malta, esta moça é o exemplo do que é o cúmulo do azar. No meio de tanto homem, de norte a sul do país, vão buscar um que andava pelas Austrálias e com quem ela já tinha saído!
Oh, pá, coitada. Fiquei com pena da rapariga. Ela a querer provar novos menus e sai-lhe uma ementa que já provou. Ela, que já tinha ligações com a televisão, achou que ainda não era famosa o suficiente e foi-se inscrever num programa de amor, quando já tinha usado uma aplicação de encontros! Martinha, tens de ter paciência, não és nenhuma atriz de Hollywood que não pode sair de casa, sem ser de óculos de sol e disfarçada e que não consegue arranjar um amor verdadeiro por ser famosa. Não, querida, tu consegues arranjar um homem na boa, não podes é ser esquisita. Eu sei que o Luís fala pelos cotovelos, mas desliga a ficha e diz que sim a tudo, o importante para ele é ires debitando só uns sons de vez em quando para ele saber que ainda não adormeceste e a relação funciona.
A Marta é aquela pessoa que pensa que é vedeta, que pertence ao círculo do jet set português e fala para o programa como se estivesse a apresentar um noticiário para incluir no currículo. Pagava para ver a moça na “Casa dos Segredos”.
Ele… Bem… o que dizer do moço. É aquela pessoa irritante, emigrante, que mistura o inglês com português e que é “very” descontraído e que adora “relaxing on da beach”. É vegan, não come chichinha, o que fez logo a Marta rematar que não vai deixar de comer carne. Pensam que aquele corpo funciona como? À base de tofu?
Eu acho imensa piada a estes casais arranjarem conflitos, por causa de uma lista de compras. Simplificar, malta, simplificar. Ela gosta disto e ele gosta daquilo. Ponto! Era mesmo eu e o meu homem a demorarmos eternidades a fazer uma lista de compras. Está bem está. Nós queremos é comer. Agora, arranjar amuos com isso. O meu estômago não se enche com amuos.
A cara que a Marta fez no dia do casamento, quando viu o noivo foi de “isto é para os apanhados só pode. Tu outra vez?” Ela pensou que os especialistas tinham ido ao Tinder arranjar o Luís, que, se calhar, ainda lá mantém a conta aberta, o maroto. Já o Luís pensou “bem feita, mandaste-me às favas, mas agora és obrigada a levar comigo.” Temos aqui uma “evolution” do Dave e da Eliane. Ele quer arranjar umas babes, ela quer fama. Ponto.
Casal Ana Raquel & Paulo
Agora sim, vamos ao meu casal preferido. Nunca vi um upgrade tão esplêndido como o da Lídia da primeira temporada. A Ana Raquel é a gémea da Lídia, sem pôr nem tirar. Papas na língua? Não. A Ana Raquel não papa grupos.
Porém, vamos por partes.
A moça recebeu a prenda do marido antes do casamento e torceu logo o nariz. Logo aí, começamos a tirar a pinta à Aninha. Depois, começamos a ouvir a mãe desta a dizer que a filha não vai gostar do marido, que a Inês talvez sim, mas a Ana não. Coitada da Inês, pudera, depois de sofrer de bullying durante anos, o que ela quer é umas semanas de descanso da irmã.
As moçoilas entram para casar e a Raquel nem disfarça. Faz aquele olhar de uma criança triste que abre o Ovo Kinder e não sai nada de jeito. Ela estava à espera de ver um Brad Pitt de Lisboa e sai-lhe o Paulo, porque pensa que, por ser a capital, tem mais oportunidades de encontrar um moço lindo de morrer. Sim, Ana, de facto eles existem cá, mas não vão a esses programas, têm uma agenda social demasiado ativa.
Esta moça é aquela criança em que os pais lhe disseram que não vão comprar a Barbie veterinária e levam a miúda ao supermercado fazer as compras do mês. Como a criança vai contrariada, diz não a tudo. Gosta do chão, das luzes do hipermercado, não gosta de leite, não gosta de pessoas, não gosta de respirar, não gosta de chocolates e só que ir para casa.
Com a Ana foi igual. Como não lhe saiu um Brad Pitt de Lisboa, amuou e criticou tudo: não gostou do vestido de noiva, não gostou das flores, não gostou do chão, não gostou da comida, não gostou do penteado, não gostou de respirar nesse dia e não gostou, como é evidente, do Paulinho, que começou a ver a vida dele andar para trás.
O noivo, coitadinho, lá pensou que no meio de tanta maluca em Portugal lhe foi calhar o upgrade da Lídia. Contudo, nota-se que o Paulinho viu a primeira temporada do programa, vem preparado e sabe como lidar com a Ana. É claro que estudou a lição em casa. Lá pensou: “Deixa-me ver bem como esta malta se atura uns aos outros, caso me calhe uma doida.” Jogada inteligente.
Portanto, o casamento já começou mal, porque a Raquel não gostou de nada e nem se esforçou para usufruir daquilo tudo à borla. Os especialistas lá pensaram “bolas, fizemos asneira da grossa”. Pode ser que se deixem destas coisas e deixem principalmente de inventar.
Os pombinhos foram de lua de mel e aqui parecia que estávamos a ter um déjà-vu da primeira temporada com a Lídia. Ainda por cima, a mulher chega ao hotel e vê aquela pirosice toda das pétalas e corações em cima da cama, quando a própria bem avisou que, se tivesse uma bomba, mandava aquilo tudo pelos ares. Grande “fail” da SIC, que, depois do casamento, deviam ter ligado para o hotel para retirar tudo aquilo, se não queriam aparecer nas notícias por alguém ter ateado fogo ao mesmo.
Para variar um bocadinho, a Ana não gostou de nada na Turquia. Não gostou do mercado, não gostou das roupas, não gostou da comida, não gostou do ar, não gostou mais uma vez de respirar e andava de arrasto atrás do Paulo, que, coitado, só queria que a raptassem ou que ela se perdesse para ele poder usar como desculpa o facto de querer andar ali sozinho. Com sorte, ainda arranjava uma turca toda jeitosa. É mais fácil agradar uma criança mimada do que esta mulher.
Aliás, da Raquel é mais fácil dizer do que ela gosta do que não gosta. Não chega a uma mão. O único dia de felicidade da mulher, naquela lua de mel, foi o dia em que a Raquel ganhou ao Paulo no Bowling. Ali, ela pôde demonstrar o lado Maléfica dela e exercer toda a sua maldade de bullying ao pobre coitado. Para a Raquel, as palavras que ela queria dizer ao Paulo eram: “Não me toques, não olhes para mim, não andes no mesmo passeio que eu e não respires ao meu lado.”
Os dias de tortura acabam e começa a segunda parte da saga. Viver com o Paulo. Agora é que a moça vai ter uma arritmia. Chegam ao ninho do amor e tem lá o peluche em cima da cama. Oh, SIC, depois de tudo o que viram no casamento e na lua de mel, vocês ainda fazem essas surpresas à mulher? Vocês gostam do perigo, estou a ver.
Vão todos para o jantarinho dos casais. Entra a Raquel e a atmosfera muda logo. É como no primeiro filme da “Maléfica”, em que a Angelina Jolie entra no castelo para amaldiçoar a criança e fica tudo cinzento e com um ambiente de cortar à faca. Ali foi igual. Todos notaram que a Raquel não estava nada contente com o brinde que lhe saiu no bolo rei. Ela nem abre a boca, durante o jantar. Manter aquela postura de mázona. Contudo, heis que a Maléfica nos surpreende. No meio daqueles ratinhos de laboratório, ela encontra um Brad Pittzinho do agrado dela. Marota, a fazer-se aos maridos das outras. A Liliana é que não achou piada e lançou ali uns olhares horripilantes à moça, mas a Raquel, como rainha do bullying e do drama, não se acanha assim e até começou a tratar bem o Paulinho, só para ficar no programa para voltar a ver o xuxuzinho dela e poder arregalar a vista.
Enquanto isso, nós, telespectadores, vamos continuando a rir-nos a ver estes ratinhos de laboratório quase a agredirem-se uns aos outros, por causa de listas de compras, de massagens tailandesas, por não lavar o copo do leite, por respirarem e, acima de tudo, só porque sim. É fixe ser implicante. Ah, já agora, o único match que saiu deste programa foi o do Pedro e do Lucas. Amizade para a vida, dizem eles. Quanto à Raquel, deixem-na fazer bullying à irmã, porque a missão da vida dela é manter a irmã encalhada, por ser a única pessoa que a atura. Pronto, já disse.