O estado da economia portuguesa é contraditório. Isto, porque, por um lado parece estar no bom caminho, com a economia a crescer “ininterruptamente há 13 trimestres, algo que não se via desde o século passado”. Por outro lado, ameaça uma espécie de “evolução desastrosa”. Ambas as realidades são verdadeiras e levam mesmo a discursos opostos, mas consistentes.
Neste sentido e relativamente aos aspetos positivos da nossa economia, podemos afirmar que o desemprego caiu de 17% para menos de 9% em, aproximadamente, cinco anos. Segundo dados recentes, a queda no desemprego é a maior de que há registo, tendo o contingente de desempregados sido reduzido em 114 mil casos em termos homólogos. Somos também considerados o melhor destino turístico do mundo nos World Travel Awards. A Web Summit, em Lisboa desde 2016, colocou-nos no centro do futuro. Tivemos ainda a maior representação de sempre na Feira Internacional de Turismo de Madrid, uma das mais importantes do mundo.

No que concerne ao lado negativo, podemos ter em consideração diversos elementos, sendo que o que mais preocupa o país atualmente é a demografia. Portugal tem vindo a perder 264 mil pessoas desde 2009, quer por causas naturais, quer por causas migratórias. Fica, então, uma nação envelhecida e parte uma “nação” jovem e qualificada.
A produção nacional também é alvo de crescimento, mas o investimento líquido é negativo desde 2011 e a produtividade do trabalho tem vindo a cair. Nesta perspetiva, a evolução centra-se somente na criação de emprego, nomeadamente na indústria, que no ano passado subiu 123 mil postos de trabalho, mas caiu 134 mil, tal como a construção, que viu cair cerca de seis mil postos de trabalho. Porém, o que cresce mais ainda é o turismo, concretamente o comércio, o alojamento, a restauração, os transportes, as artes e o imobiliário. As atividades de informação e comunicação subiram 33 mil postos, mas não alcançam 2,5% do total.
Não obstante estes problemas e estando a fazer uma espécie de balanço do ano transato (2017), o problema maior continua na crise financeira. A taxa de poupança das famílias está em mínimos históricos, abaixo de 5% do rendimento disponível. As empresas mantêm-se endividadas, apesar de haver outras que se destacam, principalmente no norte do país, pela sua capacidade de exportação. Falo nomeadamente de Vila Nova de Famalicão, que foi considerado o concelho com a melhor balança comercial do país. Mais acrescento que a taxa de desemprego em Famalicão tem estado sempre abaixo da média nacional, um sinal positivo para este concelho, mas também para o resto do país, cujos municípios podem ter a cidade famalicense como exemplo.

Na Europa, contudo, os bancos continuam com o valor mínimo de capital em percentagem dos ativos ponderados pelo risco. O sucesso no défice público, o mais baixo da democracia, é aparente, pois declinou graças a expedientes de curto prazo, sem reformas estruturais.
Após o colapso de 2011, os esforços conjuntos, nomeadamente da “geringonça”, impediram a rutura, mas ainda há um longo caminho a percorrer.