O estado da economia portuguesa é contraditório. Isto, porque, por um lado parece estar no bom caminho, com a economia a crescer “ininterruptamente há 13 trimestres, algo que não se via desde o século passado”. Por outro lado, ameaça uma espécie de “evolução desastrosa”. Ambas as realidades são verdadeiras e levam mesmo a discursos opostos, mas consistentes.
Neste sentido e relativamente aos aspetos positivos da nossa economia, podemos afirmar que o desemprego caiu de 17% para menos de 9% em, aproximadamente, cinco anos. Segundo dados recentes, a queda no desemprego é a maior de que há registo, tendo o contingente de desempregados sido reduzido em 114 mil casos em termos homólogos. Somos também considerados o melhor destino turístico do mundo nos World Travel Awards. A Web Summit, em Lisboa desde 2016, colocou-nos no centro do futuro. Tivemos ainda a maior representação de sempre na Feira Internacional de Turismo de Madrid, uma das mais importantes do mundo.

O primeiro ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa | Fonte: Manuel de Almeida/Lusa
No que concerne ao lado negativo, podemos ter em consideração diversos elementos, sendo que o que mais preocupa o país atualmente é a demografia. Portugal tem vindo a perder 264 mil pessoas desde 2009, quer por causas naturais, quer por causas migratórias. Fica, então, uma nação envelhecida e parte uma “nação” jovem e qualificada.
A produção nacional também é alvo de crescimento, mas o investimento líquido é negativo desde 2011 e a produtividade do trabalho tem vindo a cair. Nesta perspetiva, a evolução centra-se somente na criação de emprego, nomeadamente na indústria, que no ano passado subiu 123 mil postos de trabalho, mas caiu 134 mil, tal como a construção, que viu cair cerca de seis mil postos de trabalho. Porém, o que cresce mais ainda é o turismo, concretamente o comércio, o alojamento, a restauração, os transportes, as artes e o imobiliário. As atividades de informação e comunicação subiram 33 mil postos, mas não alcançam 2,5% do total.
Não obstante estes problemas e estando a fazer uma espécie de balanço do ano transato (2017), o problema maior continua na crise financeira. A taxa de poupança das famílias está em mínimos históricos, abaixo de 5% do rendimento disponível. As empresas mantêm-se endividadas, apesar de haver outras que se destacam, principalmente no norte do país, pela sua capacidade de exportação. Falo nomeadamente de Vila Nova de Famalicão, que foi considerado o concelho com a melhor balança comercial do país. Mais acrescento que a taxa de desemprego em Famalicão tem estado sempre abaixo da média nacional, um sinal positivo para este concelho, mas também para o resto do país, cujos municípios podem ter a cidade famalicense como exemplo.

Paulo Cunha, presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão | Fonte: Jornal Opinião Pública
Na Europa, contudo, os bancos continuam com o valor mínimo de capital em percentagem dos ativos ponderados pelo risco. O sucesso no défice público, o mais baixo da democracia, é aparente, pois declinou graças a expedientes de curto prazo, sem reformas estruturais.
Após o colapso de 2011, os esforços conjuntos, nomeadamente da “geringonça”, impediram a rutura, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
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