I think that you might be so sure that you’re one in a million, that sometimes you forget that out there, you’re just one of eleven.
– Ted
Esta série conta a história de Ted Lasso (Jason Sudeikis), um treinador de futebol americano que é convidado para ser o treinador de futebol da equipa Richmond FC, embora não entenda nada do desporto.
Uma lufada de ar fresco, seria a melhor maneira de caracterizar esta série. Não é exatamente uma sitcom mas não é ao mesmo tempo uma série dramática. A primeira temporada de Ted Lasso mostra no fundo como uma personalidade genuína e bem escrita consegue puxar o melhor de todos à sua volta.
Jason Sudeikis é brilhante numa mistura de bondade, de genuinidade e de uma forma de trabalhar e de estar muito própria naquele que é sem dúvida o papel que irá definir a carreira do ator. É curioso ver como um sketch de humor feito em 2013 acabou por originar uma das melhores séries de 2020, mas por vezes é nas mais simples ideias que residem os melhores resultados.
O elenco secundário encabeçado por Hannah Waddingham é todo muito competente e ajuda a trazer vida a uma data de personagens bem escritas e cheias de camadas, à semelhança do próprio protagonista.
Não é por acaso que Ted Lasso é um dos nomes mais falados durante este ano e dos mais galardoados na cerimónia dos Emmys, tendo ganho Melhor Série de Comédia, Melhor Ator Principal de Comédia, Melhor Atriz Secundária de Comédia e Melhor Ator Secundário de Comédia.
Aconselho a todos que procuram uma série leve com momentos pesados, que transmite uma mensagem de espírito, de ajuda e bondade como poucas conseguem, com um humor muito único e cheio de referências culturais que todos conseguirão perceber, podendo ter como calcanhar de Aquiles alguns momentos de previsibilidade. A história poderá não ocupar muito do vosso tempo, tendo em conta a duração de meia hora de cada episódio e a quantidade reduzida de episódios, mas poderá ocupar muito do vosso tempo ao refletirem sobre a mesma.
* CUIDADO COM SPOILERS *
Falando agora um pouco mais abertamente sobe a série e as suas premissas, os escritores fizeram um bom trabalho em ter o futebol como tema principal mas sem deixar que isto ofusque as relações entre as personagens que são sem dúvida o coração de toda a série.
Falei em cima de como as personagens secundárias criavam toda a atmosfera de “Ted Lasso” e gostaria de dar destaque a : Nathan (Nick Mohammed), uma personagem que começa como um apanha bolas e ganha a pouco e pouco a atenção de Ted até se tornar um assistente do treinador; Roy Kent (Brett Goldstein) , o capitão de equipa que tem uma atitude de “durão” mas que rapidamente percebemos que tem muito mais dentro de si do que aquilo que deixa passar cá para fora; Rebecca Walton (Hannah Waddingham), como a nova proprietária do clube que pretende no fundo afundá-lo como vingança contra o seu ex marido e ex proprietário do clube. E por fim Keeley (Juno Temple) , a namorada de Jamie, mas que ao longo da série começa a mostrar ser uma verdadeira amiga para várias personagens , criando uma especial afinidade com Ted, Rebecca e Roy.
Jason Sedeikis recebe toda a atenção e todos os elogios da série e com um bom motivo, Ted Lasso é das personagens mais interessantes nas séries americanas dos últimos anos, uma combinação de humildade, confiança, bondade, humor e aleatoriedade tendo momentos dramáticos e imensamente duros nas costas que o ator consegue interpretar com a mesma competência que todos os outros estados de espírito. Foi uma temporada sólida com um balanço muito próprio de drama e humor, com uma personagem única no centro de tudo. Apresento de seguida os meus três episódios favoritos:
- S01E07: Make Rebecca Great Again – O melhor episódio da primeira temporada, centrado em Rebecca inicialmente com uma grande interpretação dramática por parte da atriz e mostrando Ted Lasso no seu momento mais negro.
- S01E05: Tan Lines – Neste episódio Ted recebe a sua família em Inglaterra e tenta recuperar sentimentos outrora sentidos pela sua esposa enquanto faz decisões arriscadas em relação à equipa.
- S01E10: The Hope That Kills You – O ultimo episódio da primeira temporada e que faz um ótimo trabalho em estabelecer o desenvolvimento de várias personagens que foram gradualmente crescendo ao longo dos 9 episódios anteriores. Com especial atenção para o amargo e realista final que funciona como uma enorme alavanca para uma segunda temporada.