Pragas

Transudava circunstâncias de acaso na rua. Nada de relevante, digno de registo ou menção. Escritor que se prezasse inventava para que fosse isto uma grande cousa. Mas, é a vida um transude de circunstâncias pouco febris – e não um pacote de grandes cousas – que mais vale haver escritor que isto assuma em vezes.
Nada que preste ao dia de hoje.

04 de março.

O patriotismo deveria levar-me a dizer, orgulhosamente, que somos um povo pacato. Veja-se, nada de exaltações assinaláveis nesta rua, mas isto, de denúncia a tristes fados, há de tudo. Pacatez é disfarce simpático, que a evidência de almas desassossegadas ou perdidas é escandalosa. Numerosos sonhos perdidos, numerosas calosidades de fartas pragas rogadas à vida.

“Quem roga pragas à vida, quem faz lá disso?” – Todos, todíssimos.

Numerosos pacatos em disfarce.

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