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Sociedade que ostraciza mulheres que não têm filhos!

Isto é uma carta aberta para as que não tem porque não querem, não podem, as que nem pensaram nisso e acima de tudo para aquelas que têm!

O que seria se a sociedade, moderna que todos queremos sofregamente e apregoamos aos sete ventos, aceitasse o tema de ter ou não filhos como e simplesmente uma escolha!

O que seria se conseguíssemos ser empáticos o suficiente com os outros como se de uma escolha qualquer se tratasse, mas só porque o tema é – filhos – temos que ostracizar os outros, obrigá-los a justificar o que não tem justificação, e sabem que mais? não tem sequer que ter.

E se acabássemos com os olhares misericordiosos, críticos e as vezes mordazes, é que sabem não é por acaso que dizem que os olhos falam porque falam mesmo.

Quando num ambiente social, em que tentamos encontrar o nosso lugar e o nosso espaço, o tema surge e alguém atira: “e tu não tens filhos porquê?” Desengane-se quem acha que é uma questão de idade, porque não é. Já ninguém se importa se tens 20, 30, 40 ou 50. O tema é se preenches ou não a cheklist da vida “perfeita” e afinal tu já tens ou não tens filhos? Silêncio…

Podemos fazer aqui uma pequena resenha da historia, do que era, foi e ainda é esperado para uma mulher, mesmo que ninguém o mencione frontalmente, historicamente ser Mulher significava ser dona de casa, profissional (estoicamente conseguido) e mãe. Se quisermos podemos fazer de conta que este estigma não existe ou podemos assumi-lo, porque todos aceitam que uma mulher que trabalha fora contrate uma empregada domestica que a substitua nas suas funções de limpeza, mas ninguém aceita genuinamente, principalmente as outras mulheres que há quem não queira ser mãe.

Se se recordam, íamos, no silencio, sim, na pedra presa na garganta quando a pergunta é, e tu não tens filhos? o que as mulheres sentem na pratica é simples, sentem-se encurraladas por um questionamento impertinente, muitas porque não podem e desejavam muito e tem que lidar com essas perguntas evasivas,  e ter que se justificar para dizer: “Sim, sim, gostava muito mas não posso”, como se tivessem a dizer: calma, não sou egoísta e austera, só não fui bafejada pelo dom da maternidade.

Depois temos as outras, atropeladas por grupos de WhatsApp para onde são arrastadas para partilhas infindáveis dos miúdos, ou na copa dos seus empregos onde se não sabe o que é uma noite mal dormida por causa de um choro de um bebé, ou se não sabes a diferença entre todos os carrinhos de bebé do mercado, ou se não conheces termos como bolçar, colostro, bebé defletido ou Apojadura, és mais do que ignorante, é como se houvesse um mundo paralelo onde estivesse escrito à entrada, proibido porque não fazes parte.

Estas, as que podiam ou podem mas simplesmente não querem ter filhos veem-se obrigadas, sim ninguém lhes pede mas precisam para se sentir humanas, justificar aos “Outros”, que adoram crianças, que são empáticas, que gostam de pessoas, que não são egoístas, só que podem escolher (felizmente todos somos livres de fazer esta ou outra escolha), e não querem filhos!

Mulheres, inteligentes bem sucedidas que adoram os seus sobrinhos, as crianças em geral, Mulheres comuns que vês na rua, que passam todos os dias ao teu lado, Mulheres, capazes com valores, só que fizeram uma escolha diferente, não querem ter filhos. Quem são as outras pessoas para as questionarem verbalmente (pessoas que tem mais insensatez) ou pelo olhar, não basta já que as Mulheres que não querem ter filhos, sim essa “raça” desumana e incapaz de sentir um tal de relógio biológico, que não toca… quase como ter peste, não pensem que é exagero ou ironia é que as vezes dói, as vezes é incomodo, essas Mulheres são as que pagam mais impostos porque não tem filhos, são as que ficam mais horas no trabalho quando é preciso ficar até mais tarde, são as que são excluídas dos dias da Família (como se conceito de família se reduzisse a filhos), são as que  ouvem vezes sem conta “nunca vais entender o que é ser mãe”, “com o tempo vai mudar de ideias” ou quando já não há tempo “vais arrepender-te”…  ou “não estas a aproveitar o dom de Deus”, ou pior ainda e desnecessário “já viste a quantidade de mulheres que queriam e não podem”, e alguém já parou para pensar o que é estar no lugar do outro, e não poder, não querer ou simplesmente não ter considerado que estavam reunidas as condições necessárias, sim porque também temos estas Mulheres, as que por questões financeiras, por questões sentimentais não tem ou não tiveram filhos, elas existem, elas também são uma de nós!

E que tal pararem de fazer perguntas impertinentes, perguntas conclusivas sobre as outras pessoas ou pelas escolhas (ou como vimos muitas vezes pela impossibilidade) e aceitarmos que ter ou não ter filhos (quando há essa hipótese) é uma escolha, tão valida como escolher ter filhos?

É só fazer o exercício simples (para alguns não) de se colocar no lugar dos outros, chamasse empatia, e não perguntar a não ser que os outros queiram partilhar, é não excluir e ostracizar as mulheres de grupos, de conversas ou ate simplesmente de darem a opinião como se não ter filhos lhe tirasse o sentido de opinião, de bom senso ou de poder simplesmente fazer parte!

Imagina agora um mundo no qual as Mulheres que são mães fossem excluídas, muitas vezes prejudicadas, e lessem nos olhos ou na boca dos outros: e tu porque é que quiseste ter filhos? foi por ti ou pelo que os outros esperam de ti?

E sim, eu tenho filhos, o tema não é esse é respeito pelas escolhas dos outros!

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico
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Comments 2
  1. Ter filhos, ser mãe ou ser pai, não é propriamente um compromisso de agenda à ser cumprido algures num certo espaço de tempo.

    Pode ser um objetivo, um desejo, ou até um sonho; que podem até nunca ser materializados; porque depende de variados factores, uns controláveis, outros não.

    E nesta questão, acredito que as mulheres sejam mais “ massacradas” com essa pressão, mas ela também existe para o lado masculino.

    Essa pressão social que existe, como outras mais, é um reflexo da ainda sociedade patriarcal em que vivemos, e das suas imposições.

    Felizes dos que têm o sonho de ser pais, e assim a vida se proporcionou, menos felizes os que querem, mas que por factores biológicos, genéticos , ou de saúde, não podem ou não conseguem. Hoje em dia a ciência oferece-nos algumas soluções, que fazem que através de meios menos convencionais, esse sonho ou objetivo de ser mãe ou pai seja possível. Claro que as pessoas que exercem essa pressão fazem-no considerando um contexto mais natural de maternidade ou paternidade.

    Há ainda quem não queira ser pai ou mãe, por escolha, por crença, e está tudo bem.

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