A Promissora Silhueta dos Novos Escritores e Escritoras Portugueses

Anualmente, a 10 de Junho, comemoramos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com as devidas alterações, o 10 de Junho, passou já por três regimes políticos e permaneceu como símbolo da identidade nacional, sendo a primeira referência legal a este dia, um decreto das Cortes Reais, do rei D. Luís I, datado de 1880.

Teófilo Braga, nos seus textos, escreveu, que se quiséssemos ser identificados no estrangeiro, devíamos dizer, não que somos portugueses, mas sim que somos “da pátria de Camões”. Longa foi a viagem.  Hoje somos identificados de ambas as formas.

Não obstante, Portugal é reconhecido pela sua riquíssima tradição literária, com a produção de obras notáveis e premiadas internacionalmente. Ao longo dos séculos, escritores e escritoras têm encantado com a sua criatividade, profundidade e estilo ímpar. A literatura portuguesa é uma tradição que merece ser celebrada e apreciada. As escritoras e escritores portugueses convidam-nos a mergulhar nos seus mundos imaginários e impelem-nos a refletir sobre questões universais.

Explorar as obras das escritoras e escritores portugueses é embarcar numa jornada pela cultura e pela alma portuguesa. Seja através da poesia intensa de Fernando Pessoa, das histórias fascinantes de José Saramago, da epopeia de Luís Vaz de Camões, da crítica social de Eça de Queirós, da poesia que aborda a liberdade de Sophia de Mello Breyner Andresen, dos romances que exploram a condição humana, a sociedade e as relações interpessoais de Agustina Bessa-Luís ou do olhar atento às questões sociais e políticas de Ana Luísa Amaral. As autoras e autores portugueses oferecem-nos um tesouro de palavras, de ideias e de sentimentos.

A literatura portuguesa continua a florescer, com uma promissora nova geração de escritoras e escritores que seguem os passos de seus predecessores e predecessoras e trilham novos e promissores caminhos. Sendo humanamente impossível falar sobre todos, deixo seis sugestões de escritoras e escritores portugueses contemporâneos.

Valter Hugo Mãe, com a sua prosa poética aborda temas como identidade, solidão e memória, encanta os leitores com personagens complexos e uma linguagem rica em metáforas. O último livro do autor é “A minha mãe é a minha filha”, editado pela Porto Editora. Um emocionante conto, dedicado a todos aqueles que cuidam.

Afonso Cruz, onde a versatilidade e talento transparecem na sua obra. A sua escrita é caracterizada por uma mistura de imaginação, sensibilidade e profundidade. As suas obras abordam temas como amor, perda, memória e identidade; deixando uma marca indelével nos leitores. A sua última obra – “A Flor e o Peixe”, editada pela Companhia das Letras – é uma fábula poética ilustrada, inspirada em dois contos de José Saramago

João Tordo, com uma narrativa poderosa e personagens cativantes que têm conquistado cada vez mais leitores. Com uma escrita habilidosa e uma sensibilidade apurada, aborda temas complexos como identidade, família e desafios pessoais; mergulhando nas profundezas da condição humana. As suas obras envolventes e marcantes são prova do seu talento literário. Regressa aos ensaios no seu último livro, “Uma valsa com a Morte ou o pouco que sei sobre música, literatura, melancolia, espiritualidade e a minha avó“, editado pela Companhia das Letras. Um conjunto de textos onde o autor explora a relação humana com a espiritualidade e a religião, assim como o medo que nos limita, o optimismo que nos impele, a melancolia que nos afunda e a possibilidade da alegria e da comunhão.

Ana Margarida de Carvalho é uma escritora cujos romances têm sido muito bem recebidos pela crítica. As histórias abordam questões sociais e políticas contemporâneas, explorando temas como imigração, desigualdade e relações interpessoais. O seu último livro trata a solidão em Portugal em números, contexto e circunstâncias, mas também uma reflexão sobre o quanto viver sozinho é diferente de sentir-se sozinho. “Viver Só – Portugueses esmagadoramente sós” foi editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Maria Isacc, pseudónimo da autora que já tinha outros livros publicados. Sendo autora de livros com grande aceitação do público, foi finalista do Prémio Fundação Eça de Queiroz.  Tem uma narrativa forte, que levanta interrogações aos leitores. É a voz do podcast literário PALAVRA. “Quantos Ventos na Terra” é o seu mais recente livro, editado pela Suma de Letras. Uma história em que os adultos, deslumbrados e cheios de certezas, se lançam na corrida ao ouro e uma pequena vila é devastada pelos seus sonhos tornados realidade.

nia Rufino, com uma escrita clara e segura, que promove a reflexão, escreveu o seu primeiro conto aos dez anos e decidiu que, um dia, haveria de ser escritora. Publicou vários contos no Diário de Notícias Jovem e é autora de blogues desde 2003. O romance de estreia da autora: “O Lugar das Árvores Tristes”, editado pela Manuscrito Editora, conta com o elogio rasgado do escritor João Tordo, que considera este um belo livro sobre o passado, a memória e os segredos que brotam do fundo das páginas”.

Escritoras e escritores portugueses m emergido no meio literário nos últimos anos, cada vez mais jovens. Vozes únicas e contribuições valiosas para a literatura portuguesa contemporânea. É imensamente gratificante explorar as suas obras e descobrir estes autores e autoras e a sua escrita, e outros talentos emergentes, da literatura em Portugal.

Que as suas palavras continuem a inspirar-nos, a aguçar a nossa curiosidade e a enriquecer a nossa compreensão do mundo. E que através dos seus livros, quer seja no pormenor de uma paisagem ou na saudade de um personagem, dêem a conhecer um pouco mais de Portugal, das escritoras e dos escritores portugueses e das comunidades portuguesas.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico

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