a woman holding a wooden bowl filled with eggs

Sem eira…

“Caráter do que se precisa mesmo; caráter do que é indispensável ou imprescindível” – estamos perante, obviamente de uma explicação do que significa NE-CE-SSI-DA-DE!

Necessidade deve ser escrito sem qualquer hífen? Claro que sim, uma vez que não faz qualquer sentido o espaçamento entre as sílabas. Também não faz sentido as constantes lutas entre os sindicatos dos enfermeiros e o ministério que tutela a saúde ou ainda da classe dos profissionais da educação, pois estamos perante serviços que são necessários ao comum cidadão, neste pequeno país, plantado na zona oeste da Europa e banhado pelo oceano atlântico.

Anualmente é elaborado e divulgado um orçamento de estado, trazendo uma previsão de receitas e despesas, onde há sempre alguém que fica prejudicado. Não, não estamos a falar somente do enfermeiro. Estamos a falar também do utente do serviço nacional de saúde. Não, não estamos a falar unicamente do professor. Estamos também a falar da educação dos alunos.

E anualmente assistimos, ao início da atividade escolar, onde a comunicação social apresenta números de alunos sem professor atribuído ou ainda de determinados professores a aguardar colocação. Estamos perante um sistema cheio de falhas? Claramente. Ano após ano, há quem puxe a manta, cheia de retalhos e destape os pés e um tipo acaba constipado e, por vezes, de tanto puxar, tapa os olhos e não consegue ver o rumo que Portugal está a tomar.

E o sistema nacional de saúde? Quantas greves são feitas pela luta de uma dignidade da carreira de um enfermeiro ou de um médico, prejudicando um paciente que recorreu a um hospital ou centro de saúde? Ou na pior das hipóteses, vê adiada uma consulta ou até uma cirurgia, que aguardava há mais de um ano!

Quando entidades governamentais se deslocam por terras lusas ou, quiçá, mundo fora, já pensaram onde o dinheiro dessa viagem poderia ser empregue? Talvez consiga perceber que há visitas de estado e representações que devem ser feitas, para continuar as boas relações entre estados-membro, mas o que acontece a quem por cá fica sem saúde ou aulas?

Uma criança sem aulas, um paciente sem consulta. Educação e Saúde, provavelmente, não carecem de atenção, nem são áreas de maior interesse, perante os olhos de quem comanda o leme.

Por falar em leme, no ano que se celebra os 45 anos dos Xutos e Pontapés, há certamente uma música que está bem presente no quotidiano português, porque anda tudo do avesso e, se para a classe governamental dão milhões, aos outros dão um “passou – bem”.

Portugal, um país que tudo tinha para ser refém da sua própria riqueza, é um pedaço de terra “sem eira nem beira”, onde se tenta, insistentemente, fazer omeletes.

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