Dizia o sociólogo Max Weber: “O trabalho enobrece o homem.”
Será que continua a ser assim? Descontextualizando o autor e o homem da sua época aos nossos olhos atualmente, será que ainda nos identificamos com esta frase? Uma vez que o trabalho está no centro de nossas vidas, devemos refletir se está a contribuir para nos enobrecer ou empobrecer a nossa existência.
Numa altura em que se fala tanto na necessidade de encontrar equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, o trabalho como uma parte importante e essencial para o nosso desenvolvimento não deve ser encarada como a única! Obviamente que precisamos trabalhar por necessidade, sobrevivência e por gosto mas precisamos também fazer todo o resto. Não são partes menores! Todo o resto que fazemos em paralelo com a nossa profissão é importante para mantermos a sanidade e o equilíbrio.
Na luta para encontrar o meio termo que nos sirva e nos traga o equilíbrio necessário, encontramos os workaholics (os profissionais viciados pelo trabalho) que passam horas e horas focados nas suas atividades, e que mesmo fora da empresa continuam a trabalhar, todos nós conhecemos alguém assim! Ao se comportarem desta forma, colocam a pressão sobre os restantes profissionais que entendem que existe mais vida para além do trabalho.
Até que ponto é positivo ser-se um workaholic? Ser um profissional criativo, assertivo, determinado, resoluto, proativo, com espírito empreendedor é muito bom para a empresa e para a carreira do colaborador, no entanto, tudo o que é excessivo deve ser analisado com cautela, pois trabalhar demais, é sem dúvida prejudicial à saúde física, social e emocional da pessoa. No coletivo, prejudica os colegas, por serem tidos como exemplos, o sonho de qualquer empresa!
Não me compete tecer considerações negativas sobre as pessoas que acham que ser workaholic é o certo, eles podem sê-lo desde que isso não me obrigue a adotar a mesma conduta. É importante termos brio no que fazemos e fazê-lo com gosto, passamos muito tempo da nossa vida a trabalhar para ser penoso, porém não tem de ser em total disponibilidade. A disponibilidade é a que está definida, pelo horário de trabalho, depois disso existe todo um mundo de coisas para fazer e descobrir. Tudo o que fazemos fora do nosso horário de trabalho enriquece-nos enquanto pessoas e profissionais, não podemos esquecer isso. A aprendizagem não é um circuito fechado que aconteça apenas no ambiente de trabalho ou escolar é muito mais vasto que isso.
Assim como Weber tão bem afirmou: “o trabalho enobrece o homem” só será efetivamente de valor, se o homem enobrecer o trabalho também, julgo eu. Não se trata apenas de fazer e fazê-lo bem é acrescentar-lhe valor, mesmo nas tarefas mais corriqueiras e banais, caso contrário uma máquina qualquer poderá fazê-lo.
Hoje já não queremos apenas isso para as nossas vidas. A sociedade mudou muito e continua a mudar, não basta trabalhar para subsistir temos de ter outros atributos adicionais para valorizar o que fazemos. O processo é longo e ainda temos muito caminho pelo frente para mudar mentalidades e a forma como vivemos, mas estou convencida que mais cedo do que tarde iremos chegar a uma solução equilibrada para todos.