Sexo e religião

A religião serve, atualmente, não só, como palco de guerras políticas, como serve também de argumento para questões relacionadas ao sexo, essencialmente se estivermos a falar de sexo entre dois homens ou duas mulheres. Os praticantes da religião no seu extremo defendem a família tradicional, não são muito a favor da contraceção e condenam determinados atos em nome de um dos pecados capitais: a luxúria. Esta é nada mais nada menos, do que um “pecado” associado aos desejos sexuais.  Há uma pergunta que eu quero deixar, talvez provocadora e ousada, mas gostava que fosse respondida pelos mais crentes:

Deus é o criador de tudo o que há na terra, porque é que ele inventou o orgasmo? Se o sexo tinha como único objetivo a multiplicação do ser humano, havia necessidade de proporcionar a partir do sexo a maior satisfação física que o ser humano tem?

Se pensarmos com racionalidade, a libido de alguém não interfere em nada no carácter da pessoa. Este artigo não defende o sexo sem qualquer responsabilidade afetiva, sem precaução com o próprio físico ou emocional, ou do outro, nem o sexo somente dentro do casamento tradicional. Defende, sim, que as pessoas precisam comunicar, falar sobre “estarem na mesma página”, isto para não haver expetativas frustradas. O sexo é um tema muito importante, que precisa e deve ser debatido, especialmente por profissionais desta área, que são maioritariamente mulheres.  Até há muito pouco tempo, as únicas que conseguiam falar de prazer sexual eram as prostitutas, ou as intituladas de promíscuas. Aqui, a maior prova de que o problema não está propriamente na religião, mas sim porque alguns homens há muito tempo, deram à religião a interpretação que mais lhes convém. Até hoje o adultério pelo homem não é amplamente condenado, procuram-se sempre atenuantes. Antigamente somente os homens eram obrigados a ser virgens até ao casamento e raramente procuravam formas de satisfazer as suas esposas. Em países extremistas de origem árabe, faz-se a prática da mutilação genital, precisamente para que as mulheres não tenham pensamentos sexuais e não traíam os seus maridos. No mundo moderno, onde se discute abertamente o prazer da mulher, não existe qualquer incentivo ao adultério ou ao sexo com vários companheiros.

O prazer sexual não é nenhum pecado, nem o oposto da fidelidade, um casal que se ama está junto porque tem no seu desejo ser feliz e fazer o outro feliz também, em todos os sentidos. A religião tem o mesmo problema que todos os temas que se discutem constantemente, há pouca adesão ao meio-termo e os fanáticos fazem a polémica que atrai as massas. Atualmente ainda se parte do princípio que a comunidade LGBTQIA+ são maioritariamente ateus, e para ripostar estes pensamentos, está a abrir-se uma porta para um longo diálogo. Tudo isto muito se deve também graças ao Papa Francisco. Este que é alguém de extrema importância, para alguns é considerado a entidade mais importante na Europa, ele citou algumas frases que ficaram marcadas e repercutiram imenso. Podemos encontrar exemplo destas no seu livro “quem sou eu para julgar” editado em 2017. Neste livro ele incentiva a apoiar o próximo invés de os julgar, reforçando assim a compaixão e a aceitação. Isto reforça que Religião, de facto não deveria assentar em seguir costumes antigos, mas sim em ter carácter e ajudar o próximo.

É importante que o sucessor do Papa tenha as mesmas convicções. Independente de opiniões, o respeito pelas escolhas do próximo, ajuda-nos a viver num mundo mais pacifico, e a religião deveria ser precisamente sobre paz e não sobre guerra.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico

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