O que é o tempo? Uma charada que tem desafiado os sábios ao longo dos séculos. Um dos maiores problemas filosóficos desde a antiguidade – a passagem do tempo, a forma como ele fluí, a linearidade do tempo, etc. Para o ser humano comum divide-se em três dimensões: o passado, o presente e o futuro, mas é também subjectivo. Cada um de nós sente a passagem do tempo de forma diferente, consoante a situação. Em momentos agradáveis, passa depressa, já em momentos desagradáveis, dá a sensação de passar devagar. Se ninguém se questionar, sabemos o que é, mas se alguém coloca a questão, já não sabemos dizer o que é.
Corre, flui e desaparece. Como uma flecha irreversível. Do futuro para o passado. O passado passou, o presente vai-se transformando em passado, assim como o futuro. Dá impressão de que o tempo não é mais que uma linha que liga o passado, o presente e o futuro. Será o tempo uma direcção? Segundo Kant, “nada que tenha uma relação causa-efeito pode ter a ordem invertida”. Acrescentando que “ a propriedade mais fascinante do tempo é o facto de que ele flui, ou seja, é algo dinâmico”.
O tempo não para, isso é certo. Já reparaste? O tempo passa e tu cresces. O teu corpo sofre transformações, realizas descobertas, aprendes inúmeras coisas, evoluis, fracassas… Tudo fica registado na linha do tempo. Recuar é um exercício possível, ao alcance da nossa capacidade mental. Todos nós, em algum momento, buscamos por lembranças arquivadas no cérebro.
Todavia, é no presente que vivemos (ou pelo menos deveria de ser assim), com os olhos postos no futuro. Até o passado é iluminado pelo futuro. O que fazemos é em função do futuro. O tempo é duração, é ritmo, com momentos de eternidade. Já Platão se questionava na Antiguidade Clássica. Qual é o tempo do amor? O tempo da liberdade? Da decisão? E da urgência? E depois há o tempo dos relógios. Umas vezes, o tempo para, outras vezes acelera.
O tempo não volta. O que é óbvio para o comum dos mortais, é fascinante para os físicos – a irreversibilidade dos acontecimentos. Será que estamos permanentemente acurralados entre o passado e o futuro? Na opinião do filósofo J.M.E Mctaggart – “o tempo é irreal e só existe na nossa mente”. A Ciência concorda, de certo modo, argumentando que o tempo é um parâmetro que descreve a mudança de um sistema, a partir de um estado. Prova disso são os relógios, assim como qualquer outro tipo de cronómetro, guiados pelo movimento repetitivo de um sistema. Sempre foi assim. Inicialmente, os seres humanos serviam-se do movimento dos astros para se orientarem.
As estações do ano repetem-se. Primavera, Verão, Outono, Inverno. Sucessivamente. Interagimos com o ambiente que nos rodeia e sofremos influência dele. Podemos dizer que estamos presos a um eterno ciclo de evolução do universo, do qual fazemos parte. No fundo, o tempo é relativo, temos é tendência para o romantizar.