O mundo está cheio de mães: mães boas, mães más (não confundir com más mães), as mães que vemos nas redes sociais, blogs, vlogs, programas de televisão, as amigas, as irmãs, primas, colegas, conhecidas, ou mesmo aquelas mães que vimos uma vez na vida lá na “Conchichina” onde fomos certo dia e não fazemos intenção de voltar… Perceberam?
Pois é, costuma dizer se que quando nasce um filho, nasce uma mãe, aliás: eu própria afirmei isso mesmo há umas semanas atrás, mas, infelizmente ou felizmente, nenhum dos dois vem com manual ou livro de instruções!
Ser mãe, tornar-se mãe, é toda uma aprendizagem continua, ainda que facilitada, é certo, pela quantidade de informação que nos é disponibilizada, de forma mais ou menos gratuita e que nos entra, mesmo sem ser convidada pela casa dentro!
Há quase 12 anos, quando estava grávida do meu primeiro filho descobri um site na internet, chamava-se “De mãe para mãe!” entrei nesse site quase instantaneamente e percebi que, ali, as mães estavam agrupadas por “turmas”, consoante a DPP (Data Prevista do Parto- sim, há toda uma enciclopédia de palavras e termos a aprender com a gravidez e a maternidade!), perfeito: procurei uma publicação para as “mães com a DPP de Outubro de 2010”, e entrei! Nem sei bem o que procurava, talvez companheirismo, tudo era novidade e era reconfortante saber que “na minha turma” havia mais colegas como eu! Do site, dessa publicação, rapidamente migrámos para um grupo no Facebook e, durante nove (plus) meses, essa “tribo” foi o meu apoio, a minha escola, o meu refúgio! Por incrível que possa parecer, colocava aí dúvidas que não colocava por exemplo à minha mãe! Éramos mais de vinte “mamãs” e, confesso, foi bastante útil aquele “nosso cantinho” como lhe chamávamos,
Depois o garoto nasceu e, desde o primeiro dia, que a ladainha se tornou sempre igual, seja na NET, na rua, com a família, etc.: deves fazer assim/não deves fazer assado, deves deitar o bebé para cima/não o deves deitar de lado, deves amamentar até ir para a faculdade/dá leite de lata ao menino que o teu não presta e ele tem fome; agasalha-o/destapa-o, ainda não anda?/quanto mais tarde melhor… Perceberam a ideia?
Se nos primeiros tempos o meu cérebro/esponja de mãe de primeira viagem absorvia e assimilava cada palavra e cada conselho, rapidamente o chip foi activado! “Filtra, mulher filtra!!!! A mãe és tu! Tu conheces o teu filho”!
Na minha segunda gravidez, já mais adulta e experiente, não resisti e repeti o ritual: entrei num novo grupo. Aqui éramos muitas mães “repetentes”, de “segunda viagem” e outras tantas novatas! Lá nos apoiámos durante as gravidezes (algumas bem desafiantes) e posso até dizer que de lá nasceram amizades para a vida, e foi lá que também ouvi e dei conselhos mais ou menos sábios!!
Pensei: “Ok, aqui estou segura, já estou calejada, já não vou ter inseguranças e vai tudo correr sobre rodas.” Mentira! Calúnia! As inseguranças voltaram todas! Todinhas, e pior: com juros!!!!!
“Oh que porra mas tenho de mudar o chip outra vez?? Afinal a mãe é quem?!?! Há pois, sou EU!”
E o jogo recomeça: então mas papa faz mal? Ok então tenho de fazer papa de aveia? E chucha não dou? Mas o miúdo usou? ( Sim, pois com o segundo vem a comparação inocente com o primeiro, sem maldade claro, mas apenas porque achávamos que já tínhamos descortinado isto de ser mãe, e afinal esta nova criaturinha não é NADA igual à anterior, nem podia claro!) Então e babywearing? O que tem o carrinho de mal? Eu, por acaso, gosto mas se não gostasse estava a prejudicar a miúda? Ah então e mamas? Ok ,então é para amamentar até ir para a faculdade, ou será para o primeiro ano, para a creche? Afinal, só um mês? não: uma semana, um ano? Dez anos? Mas o leite adaptado (LA) tem veneno? E se eu não conseguir amamentar? Ou melhor e se eu não quiser?
SOU MENOS MÃE????
Passei a chamar a estas “mamãs”: As Mães de Bancada!
As mães de bancada, como boas treinadoras que são, conseguem ser implacáveis! Conseguem apontar a bola e marcar os mais incríveis golos na nossa autoconfiança. A solução? Canalizar o Ricardo que temos cá dentro, tirar as luvas e enfrentar sem medo as pontas de lança.
A realidade, é que todas as mães são diferentes, mas todas partilham dúvidas e receios e, a grande maioria, se esquece que, para além de mãe, é mulher!
No início até achamos engraçado a mudança de nome para “a mãe do x” ou simplesmente “mamã”, contudo, passado algum tempo de ouvir “a mãe” pode entrar ou “oh mãe quer um café” é fácil esquecermos que nos chamamos “Maria” no cartão do cidadão. Ser mãe não deve ser a nossa única característica. É tão mãe “a mãe do Zé” de fato de treino e saco a tiracolo como a Catarina com o fato saia-casaco elegante e o salto compensado.
O facto desta mulher continuar a cuidar de si mesma, a tirar 1 hora para ir ao ginásio ou arranjar as unhas, continuar a trabalhar fora de casa e pensar em si.não torna ninguém menos mãe nem tampouco diminui o amor que se sente por um filho!
No meu grupo de amigas somos várias mães e, se uma não “deslarga” os filhos e raramente os deixa nas avós, a outra conta com uma aldeia para os criar. Temos a mãe que não dá processados e a que lhes serve feijoada picante qb. Temos as meninas impecavelmente penteadas e as que usam rabo de cavalo e fato de treino. Os meninos que as mães deixam trepar árvores e esfolar joelhos no skate Park e os que se entretêm com uma banda desenhada. Somos todas mães: todas diferentes e, no essencial todas iguais, e os nossos filhos, afirmo com toda a certeza que são saudáveis e felizes cada um à sua maneira, independentemente do estilo de mãe que “lhes calhou”.
Acho que devemos dizer em voz alta que não há um protótipo de “mãe perfeita” há A MÃE! E, na realidade, cada uma sabe por defeito como o ser da melhor forma: para os nossos filhos nós somos a melhor mãe que eles podem pedir e o foco é esse: são eles! A melhor avaliação que uma mãe pode pedir é ver a felicidade e alegria nos olhos dos filhos!
Enfim, por aqui vamos com quase 12 anos de um e 6 da outra e continuo sem saber se sou uma mãe boa ou uma mãe má mas uma coisa eu sei: tenho os melhores filhos do mundo!