Li uma vez uma frase do género “o homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo” (não sei quem será o autor) mas achei que se aplica na perfeição a este tema.
Se tivessem 1% de hipótese de vida e apenas 99% de hipóteses de morrer, continuariam a lutar? Lá está o entusiasmo que se perde e ganha ao longo da vida, se custar a própria vida (esta que nos é dada para vivermos) devemos tentar de tudo para lutar por ela. Por isso, para mim a resposta é óbvia, claro que sim. Até porque, não sei se é ingenuidade ou excesso de positivismo acho sempre que é possível mesmo o que à partida, pareça impossível.
Pela forma como a expressamos e a vivemos em momentos complicados, esta luta, acaba por se tornar um lema de vida. Felizmente a ciência e a informação disponível, tem permitido que as doenças mais terríveis, como o cancro, não sejam uma sentença de morte sem retorno. Alguns cancros detectados precocemente são tratados ou removidos de forma eficaz sem que os doentes tenham grande noção que poderiam ter morrido da maleita, se tivessem chegado tarde ao diagnóstico. Obviamente que viver uma situação destas “não é uma passeio no parque” mas também não é “um calvário” depende da forma como nos posicionamos face ao problema. Fazemos a nossa parte, que já não é pouco, os médicos farão outra parte, o tempo, a sorte e o entusiasmo que carregamos farão o resto. Tudo somado é o alento que precisamos para continuar a lutar.
Quando isto acontece de certa forma deixamos de ser quem éramos. É quase impossível uma pessoa que se veja com a cabeça a prémio de um momento para outro, se sentir igual depois de superada a provação. A única certeza que temos é a da morte, no entanto a vida (enquanto for nossa) podemos reinventá-la a qualquer instante. Acontece por necessidade, por passarmos por uma situação traumática ou simplesmente porque evoluímos e essa evolução passa algumas vezes por reinventar a nossa própria vida.
Seja qual for a razão, o fundamental é nunca perdermos o “entusiasmo” por estarmos vivos e por nos sentirmos agradecidos com a vida que construímos. Infelizmente, só em situações de dor extrema ou medo valorizamos o nosso caminho. A hipótese de morrermos é real desde o dia em que nascemos, não vivemos a pensar nisto, caso contrário iríamos enlouquecer! Por isso, quando esta se afigura como algo concreto e não apenas uma mera hipótese, resta-nos (como se fosse pouco) provar que quem decide quando queremos morrer somos nós! E que se depender do nosso entusiasmo, força e capacidade de resiliência, a prorrogação do prazo será garantida!