Ameaças políticas actuais

Mais um acto eleitoral num país europeu e mais um “sobressalto”. Parece que o que sobressalta os europeus, ou uma boa parte dos órgãos de comunicação da Europa e, por influência ou consequência os cidadãos, é a possibilidade de a cada processo eleitoral, num Estado Membro da União, surgir uma representação significativa, com expressão parlamentar, de uma organização de “Direita”, que, sendo ou não mais extremista, por não ser de “esquerda”, logo será de Extrema, como tal fascista, ou nazi.

A Europa viveu algumas ditaduras. As de Direita duraram 48 anos em Portugal, a mais longa, e em Espanha, menos que por cá, e na Alemanha, bem menos anos, mas com actos de uma violência contra a Humanidade, pouco expectável para a época e bem menos consentânea com os valores da Civilização que nos une. Contudo, esta mesma Europa foi vítima de ditaduras comunistas, de “esquerda”, parece… que duraram bem mais e deixaram marcas e resultados sociais ainda hoje difíceis de ultrapassar, mas isto deve ser equívoco. A julgar pelos comentários sobre as eleições alemãs, só o espectro “de extrema direita” é uma ameaça a temer.

Nada disto obsta a que se fique preocupado e alerta, perante expressões eleitorais de organizações que se posicionaram em terceiro lugar, com 13% dos votos, e que se tornaram conhecidas pela sua simpatia para com um regime como o de Hitler.

Porém, a pergunta sobre se a “ameaça” de uma organização como o AfD na Alemanha é real, ou a Democracia por lá, sobreviverá, com os desvarios dessa gente, como o tem feito com os desvarios dos comunistas e dos comunistas-camuflados.

Em Democracia, são essenciais diversos valores. A verdade, a transparência, a confiança e a segurança, nas instituições e no regime. A pluralidade, assegurada pelos que plurais verdadeiramente o são, ou, noutras circunstâncias, este valor pode carecer de confiança e de verdade, ao ser multiplamente propalado por quem nunca deu, pelos princípios ideológicos defendidos, garantias de respeitar tudo quem difira em pensamento, pelo menos, ou em acção também, dos actores do Poder. Se este princípio for pervertido, a Democracia ficará ferida nas suas mais básicas fundações e fundamentos.

Provável e esperançadamente, o Partido AfD agora com cerca de noventa deputados no Parlamento Alemão, não terá qualquer influência de maior, negativa, na condução da política alemã e na saúde daquela Democracia. Outros houve, na Áustria em França e na Holanda, para mencionar apenas alguns, que não o tiveram. Outros, ditos, ou considerados de Direita.

No entanto e de Esquerda, dessa mesma que faz a apologia da antiga URSS, da China ainda actual, da Coreia do Norte, na Venezuela e de, liminarmente, todos os regimes torcionários, ditatoriais e sanguinários (ainda hoje a China é o país onde se executam mais penas de morte, mas será que aquela Civilização e país têm o maior número de criminosos perigosos e potencialmente ameaçadores, para que justifique tais crimes do Estado chinês?) que conhecemos, passados e actuais? Não há qualquer perigo com gente dessa?

O que puder, de mal, acontecer à direita. Não elimina ou evita o que puder vir da esquerda. Ou há assim diferenças? Diferenças de comportamento, atitude e de História vivida, que justifique termos mais receios de um regime já nosso conhecido, como o foram os de Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, do que desses outros, ainda tão actuais, que nos ameaçam, em concreto, com mansas palavras cá dentro, e com atitudes beligerantes, lá fora.

Qual a real e mais preocupante ameaça sobre a Europa, hoje em dia?

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