A cada dia que passa sinto mais acentuada em mim, a necessidade de encontrar espaço no tempo dos meus dias … tempo para estar comigo, para me sentir e respirar natural e livremente.
Considero da maior relevância ter a noção da importância desta questão na nossa vida, a de ter tempo para se estar, simplesmente.
Ter tempo para sentir a nossa presença e ouvir o nosso respirar, ouvir os suspiros e perceber os sonhos, e até os silêncios, tão necessários. Estar simplesmente sozinhos connosco próprios.
Esta falta de espaço próprio definha-me por vezes a forma de apreciar o meu tempo, sem conseguir, em tantas circunstâncias, valorizar as pessoas que preenchem os meus dias.
Apreciar os novos amigos que a vida ainda nos vai oferecendo, daqueles que já há poucos, e que boas surpresas que por vezes a vida nos oferece. Estas são oportunidades perfeitas de viver em verdade, e poder falar honesta e francamente com alguém que não nos julga, nem tece apreciações sobre atitudes ou conversas que possamos ter.
Este tempo da solidão, é um tempo que considero necessário para cada pessoa, até mesmo para a sua valorização pessoal.
Por vezes encontro este tempo de quietude, numa deslocação para o trabalho, outras vezes numa pausa de almoço, não importa o momento nem o local. O que verdadeiramente importa é vivê-lo, e conseguir apreciá-lo o melhor que se conseguir.
Aprender a estar connosco e em paz é uma ótima ferramenta no nosso desenvolvimento emocional, e sobretudo ajuda-nos na convivência social, já diz quem sabe que se queremos estar bem com os outros, teremos de estar bem connosco próprios. É bem verdade que pode soar a “psicologia de algibeira”, mas se interiorizarmos e a conseguirmos vivenciar, os resultados são fantásticos para nós.
Permitir-nos recolher ao nosso espaço interior, de quando em vez, aquele que apenas nós conhecemos, é primordial para que consigamos uma existência saudável.
Existir por nós e para os outros, não como esperam que sejamos, mas como realmente sentimos. Libertos de frustrações de lutas perdidas, de amarguras do caminho, de comentários menos agradáveis que possamos ter ouvido, ou mesmo “maus-tratos” socias que nos possam infligir, ainda que muitas vezes sejam invisíveis a terceiros, a nós doem-nos bem fundo.
Aprender a estar de bem connosco e com a vida, é pois fundamental nestes dias loucos e intensos que vivemos, e como em tempos alguém disse: “Não nos ofende quem quer, mas quem nós permitimos que o faça”.
E honestamente, resume-se a isto, aprender ao longo do caminho a selecionar quem o pode fazer, mantendo por perto quem acrescenta e afastando de quem corrói ou destrata.
Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia.
(Paulo Coelho)