Impactante
Essa é a palavra para “Judas e o Messias Negro”.
Baseado numa história real, o filme tem ação, emoção, suspense.
Indicado ao Oscar de “Melhor Filme”, “Melhor Roteiro Original” e “Melhor Fotografia”, o filme foi premiado com duas estatuetas nas categorias de “Melhor Canção Original”, e “Melhor Ator Coadjuvante”, para Daniel Kaluuya, que dividia a indicação com seu colega de elenco, LaKeith Stanfield. Porém, o filme tem também outras boas atuações, trabalho de Produção de Arte, Fotografia, Figurino, Caracterização e Direção impecáveis.
Ainda assim, falta uma chama.
***Resumo*** com spoilers ***
“Judas e o Messias Negro” é baseado em uma história real, que conta a ascensão de Fred Hampton (interpretado por Daniel Kaluuya), ativista pelos direitos civis dos negros e líder dos Panteras Negras, que foi morto pelo FBI em 1969. O enredo aborda a história por trás do assassinato, escancarando o envolvimento de William O’Neal (Bill O’Neal, interpretado por LaKeith Stanfield), um ladrão de carros, que é coagido pelo serviço de investigação a se infiltrar no movimento e ajudar na investigação contra Hampton.
O olhar e a perspectiva são interessantes, onde a história segue a partir do olhar de O’Neal, apresentando as vulnerabilidades e a potência do movimento e o seu “Messias”.
O filme dirigido por Shaka King tem um discurso bem direto, sem rodeios, e talvez por isso deixe o clima meio morno. Com exceção do momento do assassinato de Hampton, em que a estética e a ação são muito bem trabalhadas e despertam imensa revolta.
Contudo, o importante aqui e foi por isso que comecei o texto com a palavra “impactante”, é o movimento social, e a necessária abordagem, até hoje, de temas antirracistas, onde se vê, claramente, a sempre marcada atitude da polícia em travar qualquer movimento de ascensão da comunidade negra.
E precisamos falar mais sobre isso. Precisamos sempre falar sobre isso.
Principalmente a partir de momentos históricos, que mancham e pesam a vida em sociedade.
Deixo aqui uma frase de Malcolm X: “revoluções derrubam sistemas, revoluções destroem sistemas”, “se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as pessoas que estão oprimindo”.
E de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio do bons”.
“Judas e o Messias Negro” é um filme político, um filme necessário, de coragem, revolução e covardia. Não deixe de assistir.
“Se forem levados a se engajar com 20 anos, e disserem “sou jovem demais para morrer”, então já estarão mortos”, Fred Hampton em “Judas e o Messias Negro“.