Filho do conde D. Henrique e de D. Teresa, é um lugar comum. D. Henrique chegou à Península Ibérica para lutar contra o infiel ao lado de D. Afonso VI. Como recompensa do seu trabalho, este dá-lhe o Condado Portucalense e a mão de sua filha bastarda, Tareja ( Teresa ), em casamento. Não se sabe a data exacta do casamento do cavaleiro de Borgonha com esta menina de 15 anos, mas terá sido, com toda a certeza anterior a 1094, data provável de nascimento do seu filho, Afonso.
A sua tomada de poder foi em 1128, com a vitória na Batalha de S. Mamede. Em 1131, muda-se de Guimarães para Coimbra onde instala o seu quartel-general. A disputa do território, ou seja, a reconquista cristã, é apoiada pelos “semi-nobres” do norte. São os conde que se afirmam com o apoio militar e político das gentes do norte. Começa aqui o fortalecimento da linha do Mondego e inicia a construção de castelos, edifícios defensivos altaneiros. Em 1135, manda construir o castelo de Leiria, sendo que nessa data todas as terras entre Sousa e Palmela estão ocupadas.
Inicia a saga das cartas de foral, documentos onde estão consignados os direitos e os deveres dos moradores bem como o seu estatuto. Em 1139, luta na célebre Batalha de Ourique, contra os Almorávidas e é conhecido o momento em que, no céu, viu uma cruz com a inscrição “In hoc signo vincis“, assegurando, deste modo, a vitória nessa disputa. Em 1147, conquista Santarém, cidade fundada por Júlio César e a linha do Tejo está dominada.
Era um homem analfabeto, aliás, o analfabeto mais inteligente do mundo, mas soube rodear-se das pessoas certas e aproveitar as oportunidades. Com o auxílio dos cruzados de Inglaterra, Escócia, Normandia, Flandres e outros tantos, consegue afirmar o seu poder militar. O seu braço direito era João Peculiar, bispo de Braga. Ordena bispos e desafia a autoridade de Santiago de Compostela e Toledo, as catedrais principais e com poder de decisão.
Origina um novo processo, o administrativo, que é encabeçado pelo mordomo-mor e o alferes-mor, cargos ocupados por membros de grandes linhagens nortenhas. Os governadores das terras e os alcaides eram escolhidos sempre nas mesmas famílias. Estamos perante o embrião do feudalismo, sistema político que perdurou em Portugal e no resto da Europa.
Eram tempos em que os reis só podiam dispor da sua total autonomia quando o Papa os reconhecesse. Neste contexto houve uma aproximação ao Papa e a Roma. Para mostrar a sua fé e obediência funda o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em 1131. A ordem de Cister, a primeira comunidade de monges brancos, instala-se me 1153, em Santa Maria de Alcobaça. Favorecendo a igreja permite a coesão do reino.
Mas um rei também é um homem e necessita de assegurar a sua descendência. Casa com D. Mafalda, filha do conde de Sabóia e Piemonte, em 1145, estabelecendo ainda mais outra aliança. Em 23 de Maio de 1179, através de Bula Manifestos Probatum, assinada pelo Papa Alexandre III, o reino de Portugal é reconhecido como autónomo.
Morreu em 6 de Dezembro de 1185, deixando a D. Sancho I, seu filho, um estado potencial. Foi o fundador do reino mais antigo do mundo e viabilizou-lhe a sua independência. Ficará conhecido como destruidor de mouros. Viveu 91 anos, de 1094 a 1185, 27 anos como príncipe, 46 como rei, perfazendo, assim, 73 anos de reinado. Está sepultado em Santa Cruz de Coimbra, por sua ordem testamentária.