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Por onde -ou para onde- a tecnologia está a nos levar?

Estamos cada vez mais digitais e tecnológicos. E toda a nossa vida gira em torno da tecnologia. Que isso não é novidade, dos mais modernos aos mais antigos, todos sabemos. Já se vão alguns anos, que somos as testemunhas de como o mundo digital tomou conta de nós, humanos. As máquinas estão liderando por vezes, dentro e fora de casa.

Concordo plenamente que vivemos em um mundo hoje, onde a tecnologia facilita e muito as nossas vidas. Dos meios mais simples, com o lava-louça, airfryer, aspirador robot, Alexia e Kindle, até os mais improváveis, como os carros que quase dirigem sozinhos (ou já podemos tirar o “quase” ?).

A maneira como a tecnologia muda e evolui está atrelada diretamente na forma como vivemos também e isso pode ser mais profundo do que imaginamos. E nem é só lados negativos. Na verdade, é muito mais gritante o lado positivo, seja pela facilidade, comodidade e afins. Com tamanhas praticidades, temos mais tempo para outras coisas, como passar mais tempo com a família ou amigos, assumir novos hobbies ou até mesmo dormir mais. Mas, na prática, isso acontece?

Posso, na minha opinião, ter aí a influência de ser uma alma um bocado mais velha, ao me comparar com a nova geração, que já nasceu nesse meio digital e cair sempre na comparação de como era o “antigamente” … E ter saudades, apesar de também usufruir das facilidades, que o mundo atual oferece, assumo.

Os que lá não viveram podem pensar que é papo de velhote ou só concordar que era legal por educação, mas quem lá esteve sabe bem as mudanças nessa evolução!

Brincadeiras na rua viraram vídeos no Youtube de pessoas abrindo brinquedos e fazendo “review”.

Sem telas, sobrava tempo para a imaginação criar as brincadeiras ou olhar o teto, curtindo o tédio e frustração. Parte do processo!

Mais criatividade, menos futilidade. A vida não era baseada nos “likes” nos posts nem saber para onde o coleguinha viajou ou passeou. Qual restaurante comeu e se tem “publi” para divulgar um lugar ou produto, que nem mesmo conheceu.

Menos comparação, menor competição. O que fazíamos não virava “stories” e com a discrição seguíamos evoluindo. Ou não. Mas sem grandes plateias, sem grande visibilidade, sem muita confusão.

A ideia de que a vida agora é feita de mídia e holofotes nos distancia do mundo real. Cria fantasias e nos faz até acreditar que vida perfeita existe. Falta de sorte sua, se não tem! Eterna sensação de vazio que pode atingir alguns de forma bastante negativa.

De que forma é que a tecnologia está a moldar a forma como vemos o mundo à nossa volta? Como muda a forma como vivemos a nossa vida pessoal?

Alguém se questiona isso? Ou segue em “modo automático”?

Fiz essa pergunta para uma criança de 7 anos e “sem a tecnologia eu fico a brincar com meus brinquedos, inventando histórias com meus carrinhos e faço as minhas artes com o papel… a tecnologia e as telas são como um vício”, disse ele, que usa – também – o tablet e vê televisão. E continuou a dizer que “tecnologia cansa”.

Errado ele não está. Vale a pena pensar!

A mesma pergunta, para um adulto com mais de 40 anos. A resposta foi que “afasta as pessoas de forma geral”, mas também é útil em estudos para ciência e afins, além de facilitar alguns pontos que podem tornar a vida mais prática.

Certo pode estar – até penso mesmo que sim – mas a criança conseguiu explicar o que as vezes nem paramos para raciocinar.

O vício, que pelo dicionário, define por ser um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. Coisa boa não é, logo dependendo da forma que a tecnologia for administrada pelo seu usuário, algo aí pode descarrilar e ao invés de adiantar, faz a vida bagunçar.

Hipocrisia da minha parte seria se afirmasse que toda a modernidade do mundo atual, nada de bom tem. Já tive o benefício de fazer cursos online, o privilégio de usar a internet para ver e ouvir os amigos e família do outro lado do oceano, facilidade de fazer bons exames médicos, procedimentos onde as máquinas atuaram muito bem, e até em cirurgia onde os aparelhos tecnológicos eram os protagonistas.

Avançam na medicina, na saúde, na educação, no meio social. É o progresso. Mas saber onde travar faz a importância no saber levar. O mundo até, por vezes, parece meio nostálgico… São as fraldas de pano que voltaram “a moda”. Os pensos e tampões que podem ser também de tecido, deixando os de plástico de lado, tipo as toalhinhas que a avó e bisavó usavam antigamente, quando estavam naqueles dias. Quase que um ar meio retrô. Talvez aí a necessidade de valorizar o que se tinha, valorizar o ambiente e o que nos cerca. E que precisamos cuidar. Da natureza, do ambiente, de nós.

A Internet, a tecnologia, o mundo digital pode aproximar pessoas, mas pode isolar também. Saber onde é o equilíbrio pode ser o segredo do bom uso. Sem vício. Sem abuso. Precisamos nos olhar no olho e valorizar coisas pequenas. E quando a tecnologia é mesmo necessária e não só um hábito ou costume.

Deixar o telemóvel à mesa enquanto conversa vendo o rosto do outro. Atravessar a rua na faixa e sem digitar durante a ação. Namorar ao vivo e não só virtual. Ter mais vida real. Outro dia, em uma loja grande, vi a venda uma “gaiola” para telefones. É até engraçado valorizando o humor, mas… É preciso mesmo uma caixa com chave para voltarmos ao mundo? Aonde estamos nos isolando?

Por menos “likes” e mais verdades. Realidade x ficção. Quem ganha deve ser quem sabe valorizar o simples e se beneficiar da modernidade, na mesma proporção.

Nota: Esse texto foi escrito seguindo as regras do português do Brasil

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