Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das suas consequências. – Pablo Neruda
Atualmente com muita facilidade criamos contas de email, geramos um novo perfil em qualquer rede social e/ou profissional, tudo feito de uma forma muito fácil e ágil, a cada dia somos impulsionados a realizar grande parte das nossas compras on-line. No meio de tanto facilitismo que encontramos neste novo estilo de vida em que nos envolvemos tão facilmente, acabamos por fornecer os nossos dados pessoais e outros ao universo digital que nos absorve e consome.
Entretanto e sem que nos apercebamos, as empresas conseguem reservar para sua utilização (ainda que nem sempre claramente autorizada) todos os dados que de um modo ou de outro, vamos facilitando nestes momentos de compras e/ou apenas em resultado do próprio contacto com o universo digital que a toda a hora nos confronta na nossa atividade diária, seja profissional seja pessoal.
Toda a informação que a nós respeita é facultada por nós próprios, de livre e espontânea vontade, pelo que se assim o entenderem as empresas a que a ela tem acesso, podem muito bem utilizá-la a seu belo prazer, incluindo encher-nos por exemplo, a caixa de correio eletrónico de publicidade que não nos interessa, mas que as empresas têm que literalmente despejar para o consumidor final que somos nós.
Em meu entender, a questão mais preocupante é mesmo tentar perceber de que forma é que as empresas de serviços digitais utilizam os nossos dados? Este é para mim o tem, e voltamos à questão da ética, se tudo fosse como tem que ser os dados seriam utilizados apenas e só para o efeito para o qual foram solicitados. Contudo, será efetivamente isso que acontece, ou os dados acabam por ser guardados, acabando por integrar uma imensa base de dados de contactos que supostamente não deveria existir, já que depois dos assuntos arquivados toda a informação acessória deveria ser destruída? Porém, sabemos bem que assim não acontece.
Um exemplo, se fizermos uma consulta online sobre uma viagem para um determinado destino, e caso seja necessário por qualquer motivo adicionar o nosso endereço de email, então iremos receber na lateral da caixa de correio informação conexa com a que procuramos durante um largo período de tempo.
Logo, fácil é de perceber que o nosso endereço de email ficou guardado e a ele ficou associado um determinado interesse por parte do utilizador do mesmo sem o solicitar, continua a ter que receber, ainda que de modo indireto, publicidade associada à última pesquisa online que realizou.
Pergunta: Será este tipo de utilização dos nossos dados de confiança? Será isto que queremos como utilizadores? Não acredito.
Efetivamente, o que me parece é que não temos alternativa, a questão da globalização gerou de tal modo um efeito de bola de neve, que o próprio sistema de utilização da internet já faz o cruzamento de toda a informação associada, o que leva a que todos os acessos que façamos, ainda que aparentemente estejam eliminados, ficam algures guardados numa prateleira negra qualquer no espaço, prontos para ser utilizados sempre que as empresas de marketing e publicidade queiram fazer qualquer tipo de divulgação, em cujo nicho de interesse o nosso perfil se insira.
É maldosa toda esta situação? Parece-me muito mal que estas situações possam acontecer, no entanto, pouco ou nada poderemos fazer para evitar que aconteça. Acredito mesmo que temos que aprender a viver, o melhor que pudermos e conseguirmos, com esta realidade global que nos absorve toda a informação associada a nós e que utilizamos na nossa vida diária.
Uma palavra, se me permitem um conselho: Cuidado. Parece-me ser o único recurso que podemos utilizar para conseguir passar por entre os “pingos da chuva” desta realidade a descoberto em que vivemos hoje.