A Barbie

A Barbie continua a ser a minha boneca de eleição.

Sempre gostei muito da Barbie, nunca me senti ofendida por ela de maneira alguma. Nenhuma das suas caraterísticas, por serem diferentes da minha fisionomia me fizeram gostar menos dela, nem nunca assumi qualquer uma das suas características: ser magra, alta, bonita, loura ou quer que fosse como uma afronta à minha feminilidade. A minha Barbie sempre foi aquilo que eu quis que ela fosse, umas vezes a minha própria projeção e outras a de outra qualquer mulher que preenchesse o meu imaginário. A existência da Barbie na minha vida, não minou de maneira alguma os meus desejos e aspirações enquanto mulher, muito pelo contrário, sempre a vi como bem sucedida, bonita, inteligente, independente como eu queria ser. Sim, magra também coisa que não consegui tão bem mas que nunca me impediu de lutar ou atingir os meus objetivos.

Tive várias Barbies louras, morenas, atléticas, médicas, empresárias, modelos com muitos adereços, decoração e até um Ken tive, com os quais brinquei até à exaustão. Enquanto criança sempre vi a Barbie como uma boneca e não como o espelho de mim própria ou da mulher que viria a ser. Mais do que ser a boneca da moda, quis a Barbie, porque era bonita, moderna, cheia de roupas e artigos para brincar sem me cansar e cumpriu a sua função.

Foram importantes as mudanças que as Barbies tiveram de enfrentar para que as meninas de todo o mundo se vissem retratadas nela. Contudo, também não precisamos demonizá-la e culpá-la pelas frustrações das mulheres/meninas e dos homens/meninos pelo mundo a fora!

A Barbie é americana representou um ideal de beleza e uma época. A própria construção da boneca era diferente de todas as outras, dobrava as pernas, era feita de um plástico diferente mais macio, os cabelos, os olhos eram mais bonitos que os de todas as outras bonecas. A Barbie era e é precisamente isso: uma boneca que serve para brincar, quando se começou a adorá-la e idolatrá-la mudou tudo. A Barbie deixou de ser apenas uma boneca para ser a BONECA! A idealizada, a que não se mexe para não estragar, a que faz parte de uma coleção e por ai fora. Passou a representar um ideal aspiracional, não podemos esquecer que o boom se deu nos anos 80 com os yuppies, o sucesso, o dinheiro, carros de luxo e carreiras promissoras e a Barbie representava tudo isso. Podia ser a namorada perfeita do yuppie ou a empresária de sucesso que enriquece em Wall Street.

As polémicas que injustamente colocaram a Barbie nas bocas do mundo como um insulto ao feminismo parecem sanadas, após um grande esforço da Mattel. Hoje existem Barbies de todas as formas e feitios, de todas as religiões e partes do globo para que todas as crianças se sintam identificadas com elas e para que aprendam que ser diferente de nós e da nossa realidade não torna o outro nem melhor ou pior. É a diversidade que torna o mundo um lugar tão fascinante e nesse aspeto a Barbie tem transcendido as fronteiras e acompanhado as mudanças de forma impar.

Tanto já se disse sobre a Barbie e tantas foram as criticas pelos mais variados motivos, que fico a pensar se as pessoas que levantam estas questões não estarão simplesmente a esquecer que a Barbie é uma boneca e serve para brincar e cada criança fará da Barbie o que quiser, um rapaz que mudou de sexo se assim o entender. É preciso deixar que as nossas crianças sejam livres para verem a Barbie como quiserem sem que isso seja tido como uma representação incorreta ou uma afronta ao ser humano que estamos a educar.

Photo by Arunachal Art on Unsplash

 

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