Fénix

Há dias em que o negrume tende a ficar. Uma espécie rara de carvão que se vai esbatendo e deixa passar a luz ténue. A garganta começa a doer e os olhos sabem que as lágrimas se soltam e rolam livremente pela face. São elas que purificam a vida, que amenizam dores mais fortes e temperam pensamentos que teimam em brotar.

Outros dias o sol pinta, com cores fortes e sonoras, as mil e uma aventuras que a vida pode oferecer. A luz é intensa e colorida que sabe brincar com sentimentos e leva as emoções pela mão. Esses dias são os melhores, os que aquecem o corpo e a alma, os que embalam a vida e fazem sorrir mesmo sem motivo aparente. É nestes que se faz o balanço de tudo, que se percebe como se viveram tão doces e poderosas aventuras que foram partilhadas com quem se ama.

A vida é uma caixa de surpresas, tal como os lápis coloridos que podem ser misturados e criar novas tonalidades. A vida tem uma paleta especial e cada pessoa usa, com mestria, os pincéis de se governar. Pinta os quadros da sua caminhada, os amores que teve e que semeou, as dores que guardou, as suas e as dos outros e sabe como foi importante no caminho que soube tão bem enfrentar. As folhas estão espalhadas pelo chão e basta pisá-las para sentir como a frescura de tudo nunca se perde.

A força, aquilo que tem picos umas vezes e plumas nas outras, aparece sabe-se lá de onde e impele a caminhar. Desistir deixa de ser pronunciado e os amigos, os que estão sempre onde é preciso, são a magia de todos os dias e o motor para avançar. Os abraços e os beijos têm sabor especial e, mesmo que o chão queira fugir debaixo dos pés, o sentido encontra-se em tudo, nas mais pequenas coisas e nos momentos que ficam para sempre.

Nunca a vida foi tão bela para se viver como quando nos quer pregar rasteiras e amedrontar. Os pés sabem como caminhar e o vento, suave ou forte, bate no rosto e sussurra que quer muito continuar a amar. O amor, seja ele qual for e de que cor tiver, ainda é a força maior para se trepar montanhas e baixar aos vales profundos. Viver soa a doce que não se quer deixar acabar.

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