Uma terra de gentes fortes e trabalhos árduos, onde a palavra precário/sazonal/temporário anda nas bocas da maioria das pessoas. Uma região repleta de novas oportunidades, mas onde a população se torna cada vez mais envelhecida, mais solitária… mais resignada.
As disparidades regionais, no nosso pequeno grande Portugal, sempre foram uma realidade. Desde a eficiência da rede de transportes públicos à equidade dos serviços, todos os factores contam, influenciando o dia-a-dia dos residentes e promovendo ou desencorajando a permanência e actividade nessa região.
O Alentejo, em 2016, era apontado como a quarta região com menor nível em termos salarias, quando comparada à média nacional (a média nacional cotava mil cento e cinco euros mensais, enquanto que o alentejano médio recebia novecentos e noventa e sete euros). No entanto, a maior diferença registada foi quando comparado o salário médio alentejano com o valor referente à zona de Lisboa, já que na capital se recebia cerca de mil e trezentos euros, uma diferença de cerca de duzentos euros.
Será que a situação mudou?
De que forma este é um factor determinante para a região?
Segundo o INE, quando comparados os valores dos salários mínimos médio nacional e relativo ao Alentejo, conclui-se que a diferença era de sessenta e dois euros para a carteira do trabalhador alentejano que ficava assim abaixo do valor nacional. Em 2018, o salário médio estava nos oitocentos e quarenta e sete euros, enquanto no Alentejo se ficava pelos oitocentos e vinte e cinco euros mensais.
De qualquer maneira, podemos observar que é muito mais árduo ser-se alentejano e mulher, visto que na região estas ainda auferem substancialmente menos que os homens (uma diferença de -16% nos casos mais dispares).
Não obstante a melhoria dos valores, a disparidade entre as regiões continua acentuada e é um factor muito importante, especialmente quando se fala de uma região assolada todos os anos pela vaga do êxodo rural – um termo do século passado, muito bem adaptado ao novo milénio – constituindo, assim, um argumento a juntar ao já alargado cardápio de razões apresentadas pelos jovens que todos os dias deixam o Alentejo para procurar melhores oportunidades de constituir família, carreira e estabilidade que lhes perspective um futuro mais risonho e de crescimento.
A existência de salários mais baixos nas regiões do interior torna-se ainda mais problemática, porque o aumento do rendimento das famílias levaria a uma melhoria directa da economia regional onde empresas, companhias e estabelecimentos lutam todos os dias para resistir a uma demanda cada vez menor. A potencial falta de poder de compra, é uma situação que afecta principalmente o comércio local que, produzindo e comercializando produtos mais diferenciados e naturalmente mais caros, não consegue competir com as grandes superfícies, acabando por encerrar.
Uma verdadeira bola de neve que, se não for travada poderá levar ao estagnar da região, sendo também possível que o aumento dos salários nas regiões do interior fosse um incentivo para a fixação de gentes nestas áreas. Até lá, a vida vai-se fazendo, com mais ou menos moengas, mas certamente com menos uns tostões nos alforges.
Assim é, no Alentejo.