Se quisermos, podemos viver num mundo de ilusão reconfortante

Noam Chomsky diz que “os hipócritas são aqueles que aplicam aos outros os padrões que se recusam a aceitar para si mesmos.” Vivemos num mundo onde a demagogia emocional é uma constante, dizer uma coisa só para ficar bem, advogamos e defendemos valores que na prática só aplicamos aos outros. Muitas vezes não conseguimos corresponder às expectativas, porque elevamos muito a fasquia, mas por a boca morre o peixe. Falamos e tentamos criar uma empatia hipotética. As situações podem ser idênticas, mas as pessoas são diferentes.

Hoje em dia, com as redes sociais e com o constante falatório cibernético, podemos dizer que o parecer e o ser estão muitas vezes dependentes de likes e de comentários. Claro que as redes sociais são bons veículos de comunicação, mas a hipocrisia nas redes sociais é normal, faz parte da globalização do pensamento e elas são um espelho da vida real e da nossa natureza, embora também exista muito fogo de vista.

A origem da palavra hipocrisia é também um espelho do seu significado actual. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisisambos e esta relacionada com a representação de um actor a actuação e o fingimento, mas, no sentido artístico e de incorporação da personagem, criar um novo EU, essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamento. Como outras, esta palavra foi adquirindo um significado depreciativo ao longo do tempo e hoje representa fingimento e falsidade.

Falar de comportamentos humanos e sociais é uma tarefa muito ambivalente, faz-nos ter muitas emoções positivas e negativas em simultâneo e muitas vezes queremos ser mestres da linguagem corporal e detetores de mentiras, mas assim também perdia a piada a inconstância da natureza humana faz com que a vida não seja um poço de bipolaridades.

A linguagem corporal e o seu estudo são fascinantes e podem ser muito úteis no desenvolvimento de certas competências, os olhos e a cara também falam existem muitas coisas da linguagem corporal que são inatas, como por exemplo raiva, alegria, tristeza, surpresa, medo entre outras.

A hipocrisia pode ser um escudo emocional ou até um mecanismo de sobrevivência, como a ironia ou o sarcasmo que são também formas de ataque e humor. Depois temos a frontalidade, um termo muito banalizado e agora toda a gente é frontal. Contudo, a frontalidade sem pragmatismo e inteligência emocional é inconveniente e não passa de verdade sem timming ou até pode ser mal canalizada.

Portanto, existem dias que podemos ficar frustrados e pensar que não existe nenhuma verdade absoluta. Chegar a casa com um sentimento niilista e pensar que a hipocrisia prevalece sobre o resto que toda a gente mente e que não podemos confiar em ninguém, mas a generalização é a base do preconceito e do estereótipo fácil. E a hipocrisia faz parte da natureza humana tal como as coisas boas, o principal problema é conseguir filtrar e ler as pessoas.

Se quisermos, podemos viver num mundo de ilusão reconfortante.

― Noam Chomsky

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