A frase é comummente atribuída a Jean Jacques-Rosseau, mas o primeiro registo é atribuído a Aristóteles, encontramos também referencia da frase em Sun Tzu, na sua obra “A Arte da Guerra”.
Para qualquer um destes autores, e como também em muitos outros, era facto assente que, uma vida sem o uso da paciência (moderação, reflexão e juízo) seria uma vida desperdiçada, a pressa, sendo a inimiga mortal da perfeição, produziria resultados catastróficos, que se iriam acumular ao ritmo da velocidade que se imprimiria na vida.
O advento da era digital, trouxe para a humanidade, as ferramentas que permitem maior celeridade, tanto nas decisões, como nas informações, tudo hoje vive à velocidade do byte, sujeitos que estamos, a avalanches de informação, a um ritmo que dificilmente se podem discernir. Muita informação, não significa, porém, bons resultados, especialmente se, nos for removida a capacidade de análise e juízo, retirando a “paciência” necessária para explorar essa mesma informação.
A paciência, ou a reflexão, são também promotores de um sentimento, ou estado de alma, que é, de certa forma, funesta ao Homem, e todos sem excepção procuram evitar, a frustração e a ansiedade. E este conflito interno, é potenciado pelas tecnologias, a vida passou a entrar-nos porta adentro, e não nós a abrir a porta à vida.
Cada vez que fugimos do sentimento de frustração, negamos-mos a capacidade de reflectir sobre o assunto, e saltamos peças e partes do conjunto, que nos podem levar a conclusões precipitadas, ou que no fim da obra, nos frustre, porque não acautelamos a tonalidade certa para o firmamento no quadro que pintamos, a obra está lá, mas não da forma que imaginamos.
Um mundo vive hoje, na velocidade da frustração contínua, negando se a si a virtude da paciência, as peças e as partes não se escrutinam, as obras saem uma completa imperfeição. Não julgo que tenhamos “perdido a paciência”, simplesmente optamos pela via mais fácil, pela dissipação dos estragos no colectivo.
No ano da comemoração dos 50 anos de Abril, era de suma importância, voltarmos a adquirir paciência, e reflectir seriamente sobre as conclusões precipitadas que desse acontecimento ocorreram, em 2026 comemora-se o centenário do fim da I Republica, marcada pelo descalabro económico, pelos elevados custos da nossa participação pífia da I guerra, pelas convulsões sociais e até pelo eclodir da gripe espanhola.
A boa notícia deste amargo de boca que sofremos por negarmos a paciência, e com isso perdemos capacidade de reflexão, de moderação e de juízo, e que tal como 1926, alguém vai ter o de fazer em breve, bem como o colectivo se verá forçado a ser paciente, vai se sentir frustrado e ansioso.
Pode ser que tenhamos paciência para emergirmos das cinzas novamente, mas primeiro temos de entender que, o tempo deve beneficiar o colectivo, e não o colectivo beneficiar o tempo.
De que maneira irá ser beneficiado o colectivo futuro, quando o presente optou pela mediocridade no ensino? Ou pela destruição do SNS e a elevação do sistema privado? Ser paciente requer o esforço de usar o nosso tempo, em prol da geração seguinte, e isso não se edifica optando por usar um acto não reflectido, indo por um caminho fácil.
É por demais evidente, que necessitamos de recuperar a paciência, a reflexão e a moderação, porque o juízo destes últimos 50 anos, desta falta completa de paciência que nos envolveu, demonstram que a suposta pandemia é a prova dada que estamos desprotegidos, que a cleptocracia ocidental disfarçada de democracia morre no leste europeu, e que a excelência dos sistemas curriculares vive no outro hemisfério do mundo, que não este em que nos situamos.
Confundimos paciência com fraqueza ou incapacidade, e isso é um erro capital.