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Alquimia Das Almas

– Procurar-te-ei em mil mundos e por dez mil vidas, até eu te encontrar.

– E eu te esperarei em todas elas.

(47 Ronins)

É curioso começar este texto, sobre uma série fabulosa da Netflix, com um diálogo de um outro filme fantástico. Se este tem a sua história criada com base em factos históricos e reais, a série Alquimia das Almas, ainda que não o seja, levanta o véu para um tempo cheio de mistério, disciplina, regra e condutas sociais de nobres guerreiros que, como os Samurais, por si só, nos hipnotizam ao ecrã. Uma história mística escrita pela dupla Hong Jung-eun e Hong Mi-ran, com Jung So-min e Lee Jae-wook.

Série sul-coreana, que estreou em Portugal em Junho de 2022, e já conta com a segunda temporada. Top 10 em quase todo o mundo, Portugal não partilha da mesma escolha, muito em conta porque “a nossa vulgar consciência operante, chamada consciência racional, é somente um tipo específico de consciência, apesar de, separados pela mais fina barreira, existirem formas de consciências potenciais completamente diferentes”.

W. James, The Varieties of Religious Experience

Quero acreditar que é apenas uma escolha. Porque a variedade de filmes, séries e documentários que a Netflix tem ao dispôr, cabe a cada um, e só a si mesmo, seleccionar o que melhor tem, para aquilo que são as suas preferências. Infelizmente para a Netflix que, à altura em que se registam e divulgam séries deste serviço de streaming, perderá um enorme número de telespectadores com o impedimento da partilha de conta.

Assim que iniciei o primeiro episódio, fiquei fascinada pelo velho Rei que pedia ao seu mestre feiticeiro para o “mudar de corpo”, através da magia proibida Alquimia das Almas, para que pudesse gerar um filho, o seu filho sob a “estrela do Rei”.

Uma escolha única. Talvez pelo fascínio das culturas orientais, e pelas minhas próprias vivências, permitiram que acompanhe este mundo de Daeho, e viva a fantasia deste romance que tanto tem de drama, amor, ódio e inveja, luta e alegria, mistério e ocultismo oriental, como de comédia, acção, e terror. Um enredo das novelas sul-coreanas que desenvolveram um tipo próprio de narrativa, criando no telespectador uma mescla de emoções, vontades e desejo, de encontro às emoções que os personagens nos oferecem, como se fossemos nós, os personagens da acção.

Mensagem do subconsciente: amar é uma profecia.

Alquimia das Almas situa-se num país fictício, que se assemelha à época da Coreia Medieval e conta a história de “Jang Uk, o jovem mestre da Família Jang, de grande relevância e poder no país, e Mu-Deok, uma mulher que trabalha como serva do rapaz de família nobre. No entanto, apesar de parecer uma simples serviçal, Mu-Deok é, na verdade, uma poderosa feiticeira e assassina de elite, chamada Nak-Su, cuja alma ficou presa no corpo fraco da jovem por acidente.”

Quem pretender repetir uma experiência em física subatómica moderna tem de se submeter a muitos anos de aprendizagem. Só então estará apto a indagar a natureza de uma questão específica, pela via experimental, e a entender a resposta. Uma profunda experiência mística requer, muitas vezes, similarmente, muitos anos de aprendizagem junto de um mestre experimentado, o que, tal como na preparação científica, não é por si garantia de êxito.

O Tao da Física, pág. 44, Fritjof Capra

Na temporada 1, há uma insistente procura, por parte de Jang-Uk, dum mestre que o ensine e guie no seu caminho de feiticeiro, que o ajude na “expansão da sua energia” e se torne quem nasceu para ser. Mu-Deok, na alma de Nak-Su, por força das circunstâncias é quem terá essa missão. A importância de um Mestre na vida do Discípulo é imperativa para a evolução do mesmo. Ainda assim, isso não significa que o discípulo possa evoluir, ou que o mestre seja influência negativa no caminho da evolução.

Entre Mu-Deok e Jang-Uk esta relação crescerá, não somente enquanto Mestre e Discípulo, mas também de cumplicidade, empatia, amor. Algo que pode resultar do tempo que privam juntos e “preservada através da identificação, da disciplina sem ser imposta e por todos os bons sentimentos que nutrimos por essa pessoa“, em que lealdade e fidelidade são as principais qualidades para um bom discípulo.

almas iguais não se conquistam: pertencem-se.

Uk torna-se caçador de almas invasoras quando uma jovem mulher, prisioneira em sua própria casa, procura a ajuda dele para recuperar a sua liberdade.

Após o final da primeira temporada, os fãs de Alquimia das Almas, incluindo eu mesma, ficámos apreensivos com a substituição da personagem Mu-Deok.

Porém, na segunda temporada, a personagem de NaK-Su é aceite facilmente porque todos os enredos apresentados têm um papel fundamental na história, sendo explorados em cada uma das suas tramas. E, os personagens secundários têm uma relação tão interessante quanto os principais, estando todos eles no holofote sempre que surgem na acção. Até o desenvolvimento das cenas românticas, levando a que as paixões entre os personagens principais, mesmo que não sendo os mesmos, se desenvolvam de forma natural. Os aceitemos e nos apaixonemos por eles.

Os efeitos visuais variam, entre os cenários, ricos em detalhes e lugares, e a beleza dos personagens nas suas interpretações. Relembrando um tipo de teatro oriental, o Teatro Kyogen, uma forma cómica de teatro japonês tradicional, onde eram apresentados temas actuais, como a relação entre chefes e subordinados, e onde se destaca a fragilidade do homem.

Do desconhecido, conduz-me ao autêntico!

Das trevas conduz-me à luz!

Da morte conduz-me à imortalidade!

(Brihad-Aranyáka Upanishad)

Alquimia das Almas, uma série cativante e excepcionalmente maravilhosa que, desde os primeiros segundos até ao último; catapulta e transmuta os telespectadores a esse mundo/lugar.

Ele é a Luz! Ela é a Sombra! “Ele é uma Luz brilhante que protege o mundo e, ela é uma Sombra que o protege ao abraçar a escuridão que o rodeia.

Uma história de amor, com tempo e lugar, e cujas almas, por mais que vivam em corpos outros, se perpetuam num não tempo e num espaço intemporal. Um tempo em que o amor é sincero, verdadeiro, inocente e permanente.

Um amor platónico ao conceito actual, numa época em que tudo é banal e o amor tão efémero mesmo que seja o tal.

Será que há almas que se unem assim? E, continuamente, se tende a reencontrar? Acredito que sim porque o Amor tem de vencer sempre.

Para a Luz que salvou o mundo, eu vou devolver a sua Sombra uma Luz que abraça a sua Sombra, nunca se perderá na escuridão.

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Comments 2
  1. Sem palavras, uma vez mais, tal como a cada criação desta dama da lógica e interpretação, que sabe pintar palavras que expressam a surrealidade…tal como se fosse real, e, a realidade no devido lugar da opinião 👌👌👌👌👌👏👏👏👏👏

    1. Obrigada, Rui Vaz!
      Almas iguais não se conquistam, pertencem-se!
      Que bom sentir o agrado das palavras e reconhecer o quanto as minhas tocaram o coração.
      Gratidão!

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