Pode-se apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo.
– Galileu Galilei
Educar um filho, antes de mais e acima de tudo, é uma missão!
Supostamente instruir um filho ou formar um ser humano, de acordo com todas as regras e dicas disponíveis hoje em dia é tarefa fácil.
Todo um vasto leque de literatura é colocado no mercado para os pais ávidos de melhor conhecer esta arte milenar, a que comummente designaram de educação.
Em suma, toda esta informação disponível coloca supostamente ao alcance de qualquer um a possibilidade de ser educador.
Contudo, de facto se pararmos um pouco para analisar melhor a sociedade, e consequentemente os filhos que estamos a educar/formar, não é necessariamente assim.
Por muito que se estudem, se analisem e avaliem comportamentos, cada pessoa tem características muito próprias que a tornam única e consequentemente não existem fórmulas mágicas, que à semelhança dos contos infantis que ouvíamos na nossa meninice, se misturam num caldeirão gigante, e depois de fabricada a mistura, os país dão a beber aos filhos diariamente, um pouco daquela fórmula e pronto… temos crianças bem-educadas e adultos bem formados!
Pois… mas todos sabemos que não é exatamente assim, ou melhor, não funciona de todo assim, lamento informar e contrariar supostas teorias do paradigma da perfeição educativa.
A especificidade do carácter de cada pessoa exige que o tratamento seja necessariamente distinto entre os pares, ou seja, teremos que perceber que ensinamentos e exemplos iguais são recebidos de forma dispare consoante a pessoa que os recebe.
Com toda a certeza, já todos ouvimos a expressão: Como é que é possível, dois filhos que receberam a mesma educação terem comportamentos tão distintos em face das mesmas circunstâncias?
Afinal, as ditas referências, modelos e métodos usados pelos pais sobre como melhor educar os seus filhos, foram idênticos em ambos os casos, mas cada um deles recebeu a informação de forma diferenciada e reteve o que quis e/ou conseguiu.
Existe no meu entender, no entanto, em todo o processo educativo, um ingrediente secreto que funciona sempre, se for utilizado com conta, peso e medida. Resulta na educação e em toda e qualquer interacção do ser humano em sociedade.
Acredito mesmo que o segredo do sucesso de uma boa educação, aliás de qualquer relação ou ligação entre dois ou mais seres humanos, reside justamente na astuta utilização do Amor, que como sabemos é um sentimento de ternura e de manifestação de afecto, que se desenvolve entre seres que têm a capacidade de o manifestar.
E falo do Amor sem um pingo de lamechice, falo do Amor puro, o sentimento mais nobre e autêntico que qualquer ser humano pode sentir e desenvolver, em qualquer circunstância e em qualquer momento da sua existência.
Admito aliás, que este sentimento está na educação, como em tudo na vida, na base que deverá sustentar as nossas atitudes e posturas.
Com os filhos em casa, é também exactamente assim, havendo Amor em abundância, naturalmente devidamente acompanhado de regras, disciplina e respeito entre outros, então teremos filhos a crescer e a desenvolver-se num espírito de família, na verdadeira acessão da palavra.
Se tal for conseguido, nesse caso, objetivo superado. Estamos a educar bem, porque este ingrediente secreto de que vos falo, e que se bem doseado pode fazer magia, nunca poderá ser sozinho e terá sempre que ser recíproco.
O processo educativo é todo um modo de crescimento em diversos aspectos e para ambos os lados, quer para os pais quer para os filhos, sempre na base do Amor e do respeito, mas necessariamente também na base do exemplo.
Não podemos pedir aos nossos filhos que se comportem e actuem de determinada forma e depois nós enquanto progenitores não replicarmos esse mesmo tipo de conduta na vida diária em família.
Muitas vezes penso e desejo que um dia os meus filhos guardem de mim, não apenas a educação, que procurei fosse sempre a melhor possível, jamais a perfeita, já que não acredito no conceito de perfeição.
No entanto, que preservem na sua memória, que sempre procurei passar-lhes da melhor forma que consegui, a mensagem de que um ser humano deve sempre ter um coração gentil, uma alma leve e uma palavra amiga preparada para oferecer a quem se cruza no seu caminho, nos bons e nos maus momentos da nossa vida.
Que preservem nos seus corações a bondade dos gestos para com os outros, a generosidade das atitudes descomprometidas, que apenas intentam o salutar convívio sem conflitos na sociedade, em suma, que a educação que receberam seja ela própria alicerçada em valores humanos exemplares e que os seus comportamentos sejam capazes de os espelhar!