Boa tecnologia Vs tecnologia tóxica

Quando olhamos para os nossos filhos a trabalharem tão bem com alguma tecnologia nova, costumamos dizer que estes “já nascem ensinados” e muitas das vezes torna-se complicado acompanhá-los.

Ao tentarmos distinguir aquela que será uma boa tecnologia de uma tecnologia tóxica para os nossos filhos, deparamo-nos com um mundo totalmente diferente daquele em que as nossas gerações foram criadas pois para muitos de nós, na nossa infância quem tivesse um computador era alguém muito rico. É natural que muitos de nós acompanhamos todo esse desenvolvimento tecnológico, ou pelo menos tentamos, porque sabemos, que hoje em dia as prendas que os nossos filhos nos pedem, giram todas em torno das novas tecnologias. Associado às novas tecnologias, está um mundo virtual, a internet claro. E é com isso que temos de ter precauções, pois estamos literalmente a entregar o mundo nas mãos dos nossos filhos.

Conhecer minimamente as tecnologias e daquilo que estas podem ser capazes nas mãos dos nossos pequenos é meio caminho andado para se perceber se se trata de uma boa tecnologia, em que a criança demonstra atitudes positivas e relaxadas e tira proveito destas, de tecnologia tóxica, que se acaba por reflectir nos seus padrões educacionais, familiares e sociais. Até uma boa tecnologia se pode tornar tóxica, se permitirmos que a criança passe horas a fio fechada no quarto agarrada a esta, portanto, é nosso dever dos pais, conhecermos bem o uso e o proveito que os nossos filhos retiram da tecnologia e sermos partes activas.

Embora a tecnologia possa ser de grande utilidade, estudos realizados em grupos de crianças deram-nos a conhecer que uma criança pode ser capaz de fazer uma montagem de legos virtual de um momento para o outro, mas, a mesma criança, quando confrontada com legos de plástico, é incapaz de visualizar e de fazer a mesma montagem, o que nos leva a pensar, até que ponto a boa tecnologia não poderá também ser tóxica! É uma realidade que o futuro vai ser cada vez mais construído e desenvolvido sobre o ponto de vista tecnológico, no entanto, capacidades inatas e básicas não devem ser deixadas para trás.

Distinguir uma boa tecnologia de uma tecnologia tóxica também depende muito da cultura em que uma população está inserida: o que pode ser considerado uma má tecnologia para um povo, pode ser considerado uma boa tecnologia para outro povo e isso reflecte-se muito na sociedade e no modo como a criança se insere nesta e no meio familiar. Uma tecnologia tóxica, é aquela que “prende” os nossos filhos, impedindo-o de explorar outras brincadeiras. É aquela que causa stress em vez de os relaxar e que despoleta neles, sentimentos de competição extrema, atitudes egoístas e violentas e que se pode vir a reflectir quando interage com os outros. Já para não falar, de tudo aquilo que a criança tem acesso quando usa esse tipo de tecnologia e que não pode ter na vida real, estamos a falar de jogos com armas, jogos violentos, linguagem abusivas e sentimentos que as crianças não deveriam ter.

A boa tecnologia é aquela da qual a criança tira maior proveito e de uma forma agradável e relaxada, como por exemplo, uma criança que não goste de ler, pode sempre achar mais interessante ler um livro virtual no seu dispositivo novo. Pode criar jogos e jogá-los com a família de uma forma positiva, pode ela própria pesquisar sítios onde gostaria que a família a levasse. É claro que tudo isto depende muito do controlo parental e do saber explicar as coisas aos nossos filhos. Ensiná-los a distinguir eles próprios, a boa tecnologia da má. Muitos dos problemas familiares e no desenvolvimento da relação pais-filhos, é precisamente a falta de comunicação, muitas vezes substituídas pelas tecnologias e a falta da consciencialização tanto da parte dos pais, que devem dar o exemplo, como dos filhos.

No entanto, há que ter em atenção que até nós pais, muitas das vezes caímos na tentação de usarmos uma tecnologia tóxica, sem nos apercebermos do exemplo que estamos a dar aos nossos filhos. Antes de oferecermos qualquer tipo de tecnologia aos nossos filhos, nós próprios devemos saber do que ela é capaz e de como os nossos filhos são capazes ao usá-la.

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