Em contexto escolar, sei que na minha licenciatura o fiz, era proposto que realizássemos uma dinâmica designada Bunker.
Este exercício estimula a comunicação e a tomada de decisões e pode ser usado em diversos contextos, permitindo analisar a capacidade dos participantes de vencer os seus medos, lidar com as dificuldades e tomar decisões assertivas em momentos de crise.
Uma das hipóteses da dinâmica consiste na escolha, devidamente justificada, de seis elementos que irão entrar num abrigo subterrâneo.
“Imaginem que uma cidade está sob ataque. Está nas tuas mãos tomar a seguinte decisão, de forma quase imediata: existe um abrigo subterrâneo que apenas acomoda 6 pessoas. Mas existem 12 que querem entrar. Da lista escolhe apenas 6!
( ) Um violinista, com 40 anos, viciado em drogas.
( ) Um advogado com 25 anos, HIV +.
( ) A mulher do advogado, com 24 anos, com problemas mentais. Ambos preferem ficar juntos no abrigo, ou fora dele.
( ) Um sacerdote com 75 anos.
( ) Uma prostituta com 34 anos.
( ) Um ateu com 20 anos, autor de vários assassinatos.
( ) Uma universitária que fez voto de castidade.
( ) Um físico, 28 anos, que só aceita entrar no abrigo se puder levar consigo uma arma.
( ) Um fanático com 21 anos.
( ) Uma menina de 12 anos, com Q.I. baixo.
( ) Um homossexual com 47 anos.
( ) Um superdotado com 32 anos, que sofre de ataques epilépticos.”
Dá que pensar!
E enquanto pensava novamente sobre este exercício percebi que a vida é isto.
A nossa vida funciona como um bunker, pois somos nós que escolhemos quem deixamos entrar. Somos nós quem escolhemos que pessoas permanecem ou que pessoas vão embora. Tudo se relaciona com medos, carências, decisões, comunicação, valores…
Eu aprendi desde tenra idade que não racionalizamos as relações, e que elas se baseiam na emoção! Só que não.
O equilíbrio está em perceber “quem sim, quem não e quem nunca”. Para tal, temos de racionalizar as nossas escolhas.
Arrumar relacionamentos ou pessoas em gavetas pode ajudar a que não tenhamos expectativas erradas.
Se é fácil? Não.
Se é tão “preto no branco”? Também não.
Viver em sociedade é das coisas mais complexas que existe.
O sonho comanda a vida, mas é a razão que traça as estratégias para o realizarmos.
Será que vale a pena querer atravessar um rio a nado com alguém que não sabe nadar?
Os amigos, os amores, as companhias, escolhem-se.
Tudo começa com um conhecimento, uma empatia, energia ou conexão, mas termina com uma escolha.
Enquanto construímos os alicerces da nossa casa temos que ter ciente quem é que lá pode morar.