A felicidade de não cumprir um dever

Ser jovem é maravilhoso, mas apresenta um problema sem solução pois termina. A frescura que os poucos anos trazem à vida é uma alegria constante, mas de tanto fulgor a energia esgota-se. Os anos começam a deixar a sua marca e aquelas pequenas rugas são testemunhos de vários acontecimentos. Umas porque se foi inconsciente e não se tomaram os cuidados necessários, como usar um protector solar adequado e outras simplesmente, porque ser tenrinho é mesmo assim.

Depois chegam as convenções e as regras de etiqueta que devem ser cumpridas. A partir de uma certa idade não se deve fazer isto ou aquilo, porque sim e porque não. Tudo balelas! Mas há sempre quem esteja disposto a ser um fiel seguidor e um rígido cumpridor. E que acontece a quem sai da caixa e segue um caminho alternativo?

Usar uma camisola feita de vespas não é para qualquer um. Para mim, seria um suicídio, pois sou alérgica a estes animais voadores. E quem faria tal peça de roupa? Algum masoquista? E as vespas estariam vivas ou mortas? Claro que também ninguém vai usar um vestido feito com galhos de árvores, pois não? Nem que a super-cola fosse a melhor o desconforto seria terrível. Para evitar tudo isto, existe o bom senso.

Por outro lado, se estiver com uma armadura, durante a época balnear, torna a tomada de banhos um pouco complicada, já para não dizer impossível. Além da tendência para o peso excessivo a dificuldade de locomoção seria um autêntico pesadelo. Já que se fala de coisas parvas e que tal um colar feio de orelhas humanas? Bonito? Sádico? Loucura total?

Uma vez sonhei que tinha roubado o uniforme a um polícia. Ele ficou muito admirado com a minha atitude e nem veio no meu encalço. Eu corria que nem uma desalmada e fui bater contra uma parede. Obviamente que parei. Depois abre-se uma janela redonda, como as escotilhas dos barcos e sou sugada para dentro. Quando olho para os meus pés estou com umas gaivotas mortas a servir de chinelos. Tento gritar, mas um veado aparece junto a mim. Fico paralisada. Ele sorri e pergunta-me, de modo delicado, se tenho um cigarro. Felizmente que acordei.

Tudo isto acaba por ser redutor e só serve para provar que certas ideias que se estabelecem são simplesmente conceitos e não servem como mote de vida. Como é lógico nunca iria sair de casa com um falso colete de bomba nem com uma túnica feita de carne humana, mas estas brejeirices e leviandades são apanágio de pessoas que pensam que são vedetas. Aquelas que pensam ser a melhor bolacha do pacote ou as abelhas rainhas.

Eu sou mais de pensamento, de certas filosóficas e estou em crer que, além do sexo dos anjos, a prioridade da vida estaria ligada a temas mais fortes. Assim a algo grandioso como a indumentária que Afonso Henriques terá usado no seu casamento ou se na verdade o Pai Natal existe. Haja lucidez!

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