Nós nunca conhecemos de verdade as pessoas. Estejam elas connosco há uma hora ou há dez anos. As pessoas são caixas de surpresa que vamos abrindo com o tempo. Expetantes.
Nunca sabemos realmente o que nos espera.
Passamos uma vida a acreditar que conhecemos a pessoa que está à nossa frente, mas a realidade, por mais absurda e dolorosa que seja, é que, no fim de contas, não fazemos ideia de quem é aquela pessoa.
Nunca estivemos na sua pele. Nunca vivemos tudo o que ela viveu. Nunca sentimos o que ela sentiu. Nunca experienciamos a dor ou a tristeza da mesma forma que ela a experienciou.
Em que baseamos as nossas crenças?
É por isso que tantas vezes nos desiludimos. Porque acreditamos. Porque confiamos cegamente. Porque não colocamos um pé atrás. Isso não está errado. Ai de mim se pensasse tal coisa. É bom que tenhamos a capacidade de confiar no próximo, de arriscarmos pelo próximo, de amarmos o próximo, sem que isso condicione a sua vida e atrapalhe a nossa sanidade.
Contudo, melhor do que isso, é termos a capacidade de aceitação e de resiliência.
Ninguém é o que parece.
A qualquer instante, caem as máscaras e os filtros, e a verdade fica nua frente aos nossos olhos.
Não precisamos de viver preparados para o pior. Não precisamos parar de acreditar naqueles que nos rodeiam, naqueles de quem gostamos.
Só precisamos de encontrar a força em nós, que nos permite reerguer, quando nada é como sonhamos, quando os nossos planos e expetativas saem frustrados.