Vamos falar sobre séries…

As séries são uma espécie de arte muito própria e com imensos fãs por todo o mundo. Uma série tem uma propriedade única de ser uma história contada de forma contínua e de ser (dependendo da temática) muitas vezes uma companhia diária. Em muitas das séries mais famosas, é quase como se nós fossemos a casa dos nossos amigos e tomássemos conhecimento do que se passou com eles naquele dia.

Isto explica de uma forma muito sucinta o apelo de uma série no contexto atual. Tudo o resto parte de enormes escritores, realizadores e atores que se juntam para nos oferecer mundos dentro de mundos.

As séries são uma parte importante da minha vida, inspiram-me a fazer escolhas, a estudar o comportamento social e também a fertilizar a imaginação.

Neste sentido seguem-se 10 “categorias” de séries que me marcaram e, com isso, trago algumas recomendações.

A série favorita

F.R.I.E.N.D.S (1994-2004)

Por mais séries que possam surgir, Friends é aquela que vou sempre indicar como a minha preferida, porque cresci com esta série (literalmente nasci no mesmo ano da série) e estes foram parte dos meus amigos que cresceram comigo.

Para além de muitas gargalhadas, esta série é um conjunto perfeito de 6 personalidades completamente diferentes, mas que se complementaram da forma mais perfeita. De salientar também que Friends foi uma daquelas séries que soube “sair de cena” pela “porta grande” e nunca decaiu em qualidade, terminando quando tinha que terminar e escolhendo um final seguro, mas satisfatório que não manchou a qualidade dada, durante 10 fantásticos anos.

Os atores, na minha opinião, não são grandes atores, mas são o encontro perfeito de personalidade e personagem e, por isso, é que todos se completam de uma forma perfeita.

Menções honrosas: Peaky Blinders (2013-2022) e Prison Break (2005-2017).

A série mais subvalorizada

The Leftovers (2014-2017)

Quando me perguntam uma série que eu acho que nunca teve o reconhecimento merecido, a minha resposta é sempre The Leftovers de 2014. Não é que a série não tenha tido um razoável sucesso, muito pelo contrário, mas, pelos temas centrais que tem e a forma como os aborda, deveria ser mais reconhecida.

A forma como as suas três temporadas analisam o comportamento humano, o medo de perda e todos os nossos conflitos internos é brilhante, a premissa é só por si bastante aterradora e depois cada episódio parece mais profundo que o anterior. E ainda com uma brilhante atuação de Justin Theroux no centro de tudo. Se nunca viram, façam um favor a vocês mesmos e apressem-se.

Menções honrosas: The Wire (2002-2008) e Mr. Robot (2015-2019).

A série com o pior final

Game Of Thrones (2011-2019)

Outras séries como Lost (2004-2010) ou até How I Met Your Mother  (2005-2014) poderiam “rivalizar” como o pior final numa série muito boa, mas creio que Game of Thrones foi, sem dúvida, a que pior tratou o seu legado, com um final apressado e completamente forçado, criado por dois escritores que quiseram passar para outros desafios.

A série mesmo assim vai guardar o seu lugar como uma das melhores já feitas, mas, para muita gente (incluindo eu), o seu final manchou a sua qualidade como um todo e, infelizmente, quando penso nela, penso no seu final pobre e sem sentido.

Menções honrosas: Lost (2004-2010) e How I Met Your Mother  (2005-2014).

A série com melhor evolução das suas personagens

Breaking Bad (2008-2013)

Para muitos é a melhor série alguma vez feita e é fácil de perceber o porquê. Breaking Bad é uma série completamente à parte de tudo o resto que vemos na televisão e isto deve-se em grande parte ao enorme trabalho de escrita de Vince Gillian, que criou duas personagens (Walter White e Jesse Pinkman) que começam a série num ponto e acabam num extremo completamente oposto, mas em quem, ao longo de 5 temporadas, vemos uma evolução gradual e totalmente justificada.

Ao contrário de algumas séries (ver acima exemplos), esta conseguiu manter a sua consistência e até elevar toda a experiência com um final absolutamente brilhante e vários episódios a roçar a perfeição. Tudo devido à construção de personagens exímias.

Menções honrosas: Smallville (2001-2017) e Buffy, The Vampire Slayer (1997-2003).

A série com o melhor “regresso” após muitos anos de paragem

Twin Peaks (1990-2017)

Embora outras séries, como The X Files (1993-2018) e Prison Break, tenham feito um trabalho competente em voltar ao mesmo material mais de uma década depois, acho que nenhum conseguiu recapturar o mesmo espírito como Twin Peaks do génio David Lynch.

O regresso da série não se apoiou apenas em nostalgia “garantida” e criou, assim, novas narrativas com a mesma autenticidade que teve quase 30 anos antes.

Menções honrosas: The X Files (1993-2018) e Prison Break (2005-2017).

A série mais deprimente

Six Feet Under (2001-2005)

Existem muitas séries que parecem nos trazer mais “para baixo” na nossa disposição do que propriamente alegrar e, mesmo em dramas, isto nem sempre é esperado. Poderia ter colocado aqui séries como This Is Us (2016-2022), mas nunca vi a série, e, por isso, não seria correto avaliá-la.

De todas as séries que assisti na íntegra, aquela que parece sempre espetar uma faca na alma do espectador é mesmo Six Feet Under. Para além de toda a atmosfera ser numa funerária e todos os episódios lidarem com mortes, dor e perda, a própria paleta de cores é completamente seca, o que cria ainda mais este sentimento de tristeza.

Menções honrosas: The Wire (2002-2008) e Orange Is The New Black (2013-2019).

A série com o melhor protagonista

Peaky Blinders (2013-2022)

É uma das séries mais conceituadas da década e alcançou um estatuto de clássico de forma muito gradual. Embora a banda sonora, o diálogo, os cenários e a forma como é dirigida em que cada frame parece um verdadeiro quadro sejam incríveis, existe, acima de tudo, uma grande razão para o seu sucesso e essa é Cillian Murphy no papel do ambicioso Thomas Shelby, o líder da família que consegue sempre antecipar as jogadas dos seus adversários e alcançar o poder que tanto deseja.

Existem certas personagens que encaixam que nem uma luva no estilo de alguns atores e Cillian Murphy faz este papel como mais ninguém conseguiria e dá-lhe uma intensidade e um peso diferente a tudo o que vemos na televisão. Tenho a certeza que, com outro protagonista, a série não alcançaria a qualidade que alcançou.

Menções honrosas: The Sopranos (1999-2007) e Breaking Bad (2008-2013).

A melhor série criminal

C.S.I. (2000-2015)

Mesmo com vários spin-offs e cópias por parte de outras séries, penso que C.S.I. marcou uma viragem na forma como o mundo via as séries criminais, através da sua modernização de investigação e forma de revelar os assassinos.

Esta série original, principalmente a equipa formada por Grissom, Catherine, Nick, Sarah e Warrick, foi sem dúvida um despoletar de dezenas, talvez até centenas, de outras séries do mesmo género, que, mesmo que se disfarçassem com outras histórias, acabavam por vir “beber” à fonte que foi o C.S.I. e o impacto que teve na cultura televisiva.

Menções honrosas: NCIS (2013-Presente)

A série com mais “twists”

Westworld (2016- Presente)

Uma série mais recente e que está a ser descoberta por muitos, Westworld lida com a evolução da tecnologia a um ponto extremo em que as máquinas quase que ameaçam tomar conta do mundo humano e em que as linhas entre o que é humano e máquina é muito ténue. E isto é-nos mostrado através de múltiplos twists ao longo dos episódios.

Na verdade, todas as temporadas gostam de brincar com as expectativas do expectador e depois “tirar-nos” o tapete debaixo dos nossos pés, mas é (na sua maioria) bem construído e justificado. Se revermos a série sabendo os twists que estão para acontecer, a experiência é ainda mais enriquecedora, pois começamos a ver os vários sinais que estavam a ser apresentados.

Menções honrosas: Alias (2001-2006).

A série com mais mortes

Grey’s Anatomy (2005–Presente)

Nestes dias, é mais conhecida como “a série que nunca mais acaba”, mas, curiosamente, uma das coisas que permitiu que Anatomia de Grey tivesse esta longevidade é precisamente a quantidade de mortes que existem na série e que vão permitindo esta renovação constante de elenco.

Não estou, claro,  a falar das mortes dos pacientes, pois, sendo uma série sobre o dia-a-dia de um hospital, isso seria o normal e aplicado a todas as séries médicas que existem, mas esta optou por um caminho de matar de uma forma até algo leviana imensos dos personagens principais e temos de nos lembrar que esta série tem vários protagonistas em torno de Meredith Grey e parece que, num ciclo vicioso, todos acabam por morrer de uma maneira ou de outra.

Menções honrosas: Game Of Thrones (2011-2019) e The Walking Dead (2010-2022).

Resta dizer que isto é inteiramente subjetivo e que, se eu tivesse visto mais 100 séries na vida, a lista provavelmente seria completamente diferente, mas acho que, como em tudo, devemos falar sobre o que temos conhecimento de causa e só listei aqui séries que vi na íntegra.

A quem chegou até aqui, espero que tenham gostado e continuem a disfrutar das séries ao máximo e a tudo o que elas ainda nos reservam para o nosso futuro.

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