A vida, mesmo muitas vezes, prega-nos partidas.
Altera-nos o caminho que tínhamos sonhado, projetado para nós. A mudança não tem de ser necessariamente má, apenas sendo um rumo diferente ao que achávamos ter traçado. Podemos fazer planos, imaginar um futuro para o qual até temos o desplantar de lutar, mas depois algo acontece e “puff”, tudo se altera. Ou não, e parece que nunca muda nada…
Sempre ouvi dizer que “se Deus nos fecha uma porta, logo nos abre uma janela”, o que faz todo o sentido, porque as oportunidades da vida são como milho numa panela quente: vão saltando uma atrás da outra. Talvez me digam que não, que são uns desgraçados e que não têm oportunidades, mas não é verdade.
As oportunidades apresentam-se de várias maneiras, algumas bem discretas, embora nem sempre estejamos devidamente abertos as percebê-las. Por exemplo, pessoas que se cruzam connosco a quem, por sermos educados na desconfiança, não falamos, não sorrimos e com quem não interagimos. Aquele autocarro ou comboio que perdemos e que, devido à nossa constante pressa, não percebemos que, afinal, foi uma sorte ou como quando conhecemos alguém ou termos a oportunidade de ouvir aquela conversa, a que até somos alheios, mas que traz algo de novo à nossa vida. A consulta que foi desmarcada, para ser remarcada para aquele ou aquela médica que fará toda a diferença na nossa cura.
Os azares que nos permitem alterar o nosso futuro para melhor, não são azares, como lhes chamamos, são oportunidades de conhecer novos caminhos, ter novas experiências ou apenas poder escolher entre o novo e o velho.
Remédio só não há para a morte, dizem. E dizem bem. Porque para tudo o resto é uma questão de atitude e de escolha. Não existem escolhas boas ou más, apenas escolhas. Os “ses” são apenas a ilusão de um presente ou passado que nunca existirão e o futuro é apenas uma promessa que desvanece ou que se materializa a cada decisão, a cada opção que fazemos.
Não se iludam. As coisas acontecem porque têm de acontecer e o nosso livre arbítrio é o consolo que encontramos para o que não conseguimos controlar.
Será um paradoxo o nosso livre arbítrio ser controlado pelo acaso ou pelo destino?
E quanto à própria morte, ela é o maior de todos os mistérios, apesar de ser a única certeza igual para todos, independentemente da maneira como vá ocorrer.