“O que queres ser, quando fores grande?“
– Quero ser mãe!! – responde a filha de uma amiga minha, com apenas 5 anos de idade. Eu esboço um sorriso, ao sentir a identificação imediata com a resposta da pequena princesa, mas ao contrario de mim, a mãe da pequenita fica devastada com tal afirmação… Compreendo o seu sentimento.
Para nós mulheres, esta é uma questão muito ambígua. Se por um lado queremos direitos iguais e lutamos pela nossa independência, por outro, temos a família, o companheiro e toda a sociedade a “gritar-nos” que a idade limite para ter filhos é até aos 35.
Tive o meu primeiro filho aos 25 anos e posso dizer que foi a melhor decisão da minha vida. Olhando para trás, percebo que fui educada para ser mãe e dona de casa, pelas matriarcas da família (mãe e avó materna), não fui preparada para enfrentar a sociedade actual, embora o meu pai sempre o tenha tentado fazer. É interessante perceber que, apesar de ter a “super-protecção” do meu pai, foi ele que de alguma forma me incutiu os valores de empreendedorismo e vontade de querer ser sempre mais e melhor para mim mesma.
Nunca senti pressão para ser mãe, porque sempre senti essa necessidade… Esse sonho. No entanto, sei que muitas mulheres sentem essa pressão. Algumas inevitavelmente acabam por ceder, cheias de receios e angústias, dizendo que não estão preparadas, ou que não vão conseguir ser boas mães. Outras conseguem manter a sua convicção, acabando por se sujeitar a comentários maldosos, ou aos porquês de tal decisão.
Biologicamente a mulher está preparada para ser mãe e geneticamente sente essa necessidade. Contudo, os tempos mudam e os valores também. Basta que recuemos 60 anos, a uma altura em que as mulheres eram educadas para serem as perfeitas fadas do lar e gerar filhos.
Hoje em dia, há mulheres que simplesmente não querem ser mães e devem ser respeitadas.
Fazendo uma retrospectiva, a minha decisão de ser mãe foi um acto de puro egoísmo e muito amor para dar. Egoísmo por ser um sonho meu, por querer dar e receber amor… em nenhum momento me preocupei em vir a ser um bom alicerce para os meus filhos. Longe de arrependimentos, se fosse agora, primeiro iria colocar a mim mesma a seguinte questão: “Tenho os alicerces necessários para poder promover toda a estabilidade emocional que o meu filho precisa?”
Penso que seja esta a linha de pensamento que divide as mulheres. As que querem muito ser mães, porque lhes foi incutido pela família e pela sociedade, e as que são fiéis a si mesmas sem se importar com juízos de valor.
Ser mãe é sentir receio, angústia, descontrolo, amor imenso, alegria e um reboliço sem fim de sentimentos impossíveis de descrever.
Eu, apesar de todas as noites sem dormir, fraldas e uma série de descontrolos emocionais e hormonais, escolhi ser mãe. E esta foi a melhor escolha da minha vida.
A verdade é que, Mãe ou Mulher, lá no fundo só queremos ser amadas e felizes.