A curcubitaceae é da família de plantas com flor, pertencente ao Claro das Fabídeas, que agrupa mais de 975 espécies, repartidas entre 95 e 98 géneros. Que por sua vez, se repartem em 15 tribos e duas grandes famílias. Estas mesmas, são constituídas, maioritariamente, por plantas de hastes rastejantes, rupícolas ou terrícolas. Frequentemente com gavinhas ou sustentação.
De hábito arbustivo, apenas uma espécie é arbórea. A Dendrosicyos Socotramus. Esta família é bastante diversa nas regiões tropicais e subtropicais e incluem-se espécies cultivadas de grande importância económica. Como exemplo, temos a melancia, o pepino, o melão, a cabaça, a caiota e a, não menos conhecida, abóbora, que não poderia deixar de evocar, neste período do ano.
Depois de muitas críticas contra e a favor, cada vez mais festejada e popularizada pela festa de Halloween, com a abóbora vem-me sempre à memória perfumes e aromas, cheiros e saudades, das filhoses de abóbora, bolinhos, tartes, doces e compotas, mas, sobretudo, das sopas de abóbora. Quem é que não tem uma receita da avó, numa gaveta ou caderno, onde cada ingrediente e detalhe, vale ouro? Quem é que já não comeu uma pratada dela, em noites chuvosas, junto à lareira, de casaco tricotado e meias felpudas?
Ainda me habitam os cheiros de pão morno e tostado, a imagem de uma malga plena num tabuleiro de madeira, escurecida pelo tempo e curtida pelo sol de vários verões. No canto superior, marcas ou manchas, vestígios de copos molhados deixados por mãozinhas de crianças à beira da piscina, num verão qualquer.
Eu prefiro vê-las como bordados, de presenças de amor. Tempos onde a avó, ainda sorria lá por casa e a tigela de sopa fumegante, esperava pela colher hesitante.
– O melhor é assoprar primeiro.
– Sim avó.
Depois da visita ao cemitério, do jogo de futebol do bairro e de um almoço bem farto, no dia dos finados e debaixo daquela chuvinha miudinha, mas persistente, aquela sopa aconchega qualquer coração, reconforta cada estômago insistente.
Falar-vos de abóboras é voltar à infância, aos quintais e aos seus muros de pedras amontoadas, sem cimento, recobertos de folhas e de flores amareladas desabrochando. Cozinhas antigas, de bacias de barro e conchas de sopa pintadas (por vezes cobertas por uma fina camada de pó), penduradas pelas paredes acima e pelos fogões de outrora.
Falar-vos de abóboras é partilhar calor humano, porque, quem cozinha, oferece o seu melhor, o seu saber, o seu tempo, um pouco de si, e cada colherada que se saboreia, leva-nos a recantos da memória, a viagens do nosso íntimo.
Falar-vos de abóboras é mais do que isso. É partilhar a espera de um Natal próximo. É desejar que este Outono passe sereno e lentamente. Se desdobre e permaneça nas suas cores amareladas, laranjas e vermelhos sangue.
Falar-vos de abóboras é partilhar receitas e deixarei aqui uma, um presente do meu mundo culinário.
Sopa de abóbora
Preparação: 15 minutos
Ingredientes:
- 500 gr abóbora
- 150 gr batata doce
- 2/3 dentes de alho
- 1 cebola média
- 1 dl leite de coco
- 1dl natas 1.5%
- 1 c. azeite
- 1 c. caril+ curcuma+sal
Preparação:
- Descascar abóbora e batata doce e cozer 10 minutos
- Refogar alho e cebola no azeite e juntar a abóbora e a batata doce, até desfazer.
- Juntar a água da cozedura e as especiarias, o leite de coco e as natas.
- Caso seja necessário, mixar tudo até obter uma estrutura homogénea.
- Servir quente acompanhado de pão escuro
Bon appétit!