Esta frase humorística é o resumo perfeito para a chamada globalização nos tempos que correm. Um mundo é uma aldeia global.
Lembro-me de, antigamente, haver apenas dois canais de televisão (aparelhos enormes e pesados), ambos públicos, onde a programação era feita à medida de toda a gente.
Havia algum critério na escolha e todos tínhamos gosto pela novidade. Tudo nos parecia deslumbrante e fora de alcance das nossas vidinhas comuns. Ainda sou do tempo em que a televisão demorava imenso tempo a ligar, em que o comando era o membro mais novo da família, a partir do momento em que adquirisse altura para chegar aos botões, e em que havia horário, pasmem-se, para terminar a emissão.
Também havia programas generalistas para ver em família, telenovelas e filmes de todos os géneros que eram acompanhados da indicação se podiam ou não ser visualizados por menores de idade (a lendária bolinha vermelha no canto do ecrã era antecedida por uma comunicação verbal sobre o conteúdo dos mesmos, escusado será dizer que muitos desses filmes tinham uma ou outra cena de sexo, muito pouco explícito ou alguma cena de violência que fariam rir os jovens de agora).
Hoje, há centenas de canais, na televisão e não só, e parece que nada nos satisfaz.
Os jovens têm acesso a todo o tipo de conteúdo, por maior que seja o controlo parental.
Também me lembro que a rádio era uma companhia comum, em casa e nos locais de trabalho.
Tínhamos gira-discos e leitores de cassetes de música, que permitiam também gravar quer rádio, quer discos (os antiquíssimos vinis), quer as nossas próprias vozes.
Estas tecnologias, tal como os computadores enormes, com ecrãs também enormes, com impressoras enormes e ruidosas, máquinas de escrever enormes, e telefones que, mesmo modernos na altura, eram enormes e nada móveis, estão hoje todos reunidos naquele aparelho que hoje nos parece cada vez mais indispensável chamado smartphone.
Estes telemóveis atuais, em constante evolução, têm em si o poder reunir todas as tecnologias mais antigas e de nos manter em contacto indirecto e imediato com o mundo todo. São bibliotecas e bibliotecas de informação e desinformação que, à distância de uns breves toques nos ecrãs digitais, nos dão acesso ao mundo atual.
A informação disponível ao minuto sobre o que se passa no outro lado mundo, torna este globo num “penico” muito frágil. Um “penico” onde também cabe muita coisa que não presta e cheira mal. Muita desinformação e, ainda, muitas áreas desconhecidas ao cidadão comum. Não são só rosas e os espinhos ainda são transparentes.
As novas gerações nascem cada vez com mais competências digitais e parece que já vêm “chipadas” para acompanhar o constante avanço tecnológico.
As relações humanas e laborais têm tido também uma evolução, nem sempre considerada positiva, mas desafiando a humanidade a novas conquistas e a novas maneiras de estar, de viver e de se relacionar.
Lembro-me de séries de ficção científica lá nos distantes anos 70 e 80…
E, se por um lado, ainda não nos “teletransportamos” a verdade é que em nenhuma delas houve um prenúncio da existência desta atual capacidade que temos de transportar o mundo nas nossas mãos.
A humanidade tem hoje ferramentas para uma evolução que pode ser fantástica ou desastrosa.
E tudo vai depender se a inteligência humana se deixar ultrapassar pela artificial que tão avidamente tem desenvolvido.