Errar com as crianças

Já tenho assistido a, situações de agressividade para com crianças, raras vezes felizmente, mas sou acometida por uma terrível sensação de incredulidade e impotência.

Antes de mais, não há ninguém no mundo que não seja susceptível ao erro. Não há pai nem mãe no mundo que não tenha um momento menos bom, que dê um berro aos filhos, que não diga uma frase que não deveria ter dito. Muitos de nós, inclusive, levámos palmadas em crianças, porque era culturalmente aceite, e somos até pressionados pelos mais velhos para dar palmadas às nossas crianças.

Contudo, em público havia sempre um certo pudor em que isso acontecesse, havia a consciência de que a humilhação ainda era maior para a criança, e mesmo nós, com os nossos erros, os nossos berros e frases erradas, também temos esse pudor e dizemos entre dentes: “ai, se tivéssemos em casa…”

Mas uma situação de violência vincada em público detona normalmente problemas mais profundos, e se o nosso primeiro sentimento é o de “salvar” aquela criança, a verdade é que aquele adulto também precisa de ajuda.

Em primeiro lugar, a criança cria uma situação desafiadora para o adulto, talvez porque seja uma criança mais difícil de lidar, e em segundo lugar o adulto não sabe estar à altura da situação. Ou porque está fragilizado pela idade, ou porque o próprio foi educado com a crença que a violência era solução, ou porque o adulto entra em desespero e já não sabe o que fazer mais.

Também há casos, claro, em que o adulto é particularmente violento, noutras situações, inclusive, só sabe reagir assim e aquele episódio não é uma exceção.

É preciso compreender o quão nocivas são estas situações para as crianças. E se muitas vezes o adulto se consciencializa e se arrepende do que fez – sem dúvida um passo para a melhoria de atitudes, outras vezes tal não acontece.

Nota: Este texto foi escrito com o Antigo Acordo Ortográfico

Share this article
Shareable URL
Prev Post

As Francesinhas – de especialidade desconhecida a ícone gastronómico

Next Post

E tu? Como és tu num museu?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next