“Antes de te conhecer, pensei que eras uma daquelas cabras!” Perdi a conta à quantidade de vezes que me disseram esta frase. Especialmente, quando andava na escola secundária. Tinha ar de ser antipática, segundo dizem. No entanto, pessoalmente, sempre me forcei para ser aceite. É no mínimo contraditório, não?
E eu notava isso. Remava contra a maré para me incluir nos grupos, suportava gozos e piadas, no entanto, forçava-me a aceitar. Porquê?
Porque raio é que me obrigava a sofrer para ter ao meu redor um grupo de pessoas hipócritas e cruéis? Para ser aceite?
Burra…
Quando entrei para a universidade, jurei a mim mesma que não ira sacrificar a minha felicidade para agradar quem quer que fosse. E resultou. Também em parte por estar num curso de comunicação, aprendi muito sobre relações interpessoais e vi a diferença entre as relações que eu desenvolvi. Conheci gente de imensos cursos diferentes, completamente diferentes do meu. Estive ligada a várias atividades extracurriculares, por estar realmente interessada, e aproveitei ao máximo o que a universidade teve para me oferecer.
Já as minhas colegas, tinham um drama diferente todas as semanas. Não julgo que seja meramente coincidência.
Nunca foi fácil para mim o conceito de um grande grupo de amigos. Era eu e mais dois ou três “gatos pingados”, como costumo dizer. Hoje, já vejo que é uma situação normal. No entanto, ainda me surpreendem as fotos dos casamentos, em que a noiva tem 15 damas de honor. Quem é que tem 15 amigas próximas, 15 pessoas para atribuir a honra de estar presente no altar, num dos dias mais importantes da nossa vida? Ainda por cima 15 mulheres?
Aposto que por de trás daquela foto há puxões de cabelos e ameaças para incluir aquela prima “sensível” do noivo. Juro que se hoje fosse pensar nos convidados do meu casamento, não conseguia 15 pessoas para convidar (tirando a família próxima) e não estou minimamente preocupada com isso. O dia é meu, faço o que eu quiser. Não me interessa nada se a cunhada do sogro do tio Alberto fica ofendida.
É uma enorme sensação de liberdade, quando deixamos de pensar no que dizem ou pensam.
É verdade que continuo a pensar muito nas situações que acontecem no dia-a-dia e nas pessoas com que acontecem. No entanto, a vontade de ser aceite é das últimas coisas em que penso. Penso que o que interessa é ser ouvida e passar efectivamente a minha mensagem. Se não quiserem a minha mensagem, o azar não é meu.
A única coisa que me entristece é não ter entendido isto antes.