No dia 22 de cada mês de Setembro, comemora-se o Dia Europeu Sem Carros e este ano também encerrou a Semana Europeia da Mobilidade, cujo lema “Our Streets, Our Choice” pretende invocar a rua como um espaço para ser vivido e não para ser ocupado pelos automóveis, estando estes parados, ou em movimento. Este dia foi comemorado pela primeira vez em França, em 1998, e o seu êxito, bem como a relevância do tema na agenda europeia, deram origem a esta semana, anos mais tarde, em 2002.
Nestes dias, são múltiplas as iniciativas desenvolvidas. Entre elas, contam-se a promoção dos veículos eléctricos, a inauguração de ciclovias, as monitorizações da qualidade do ar e o fecho de trânsito automóvel com ampliação das zonas pedonais. Recordemos que o que agora nos parece banal apenas o é por um esforço colectivo, ao longo de muitos anos. Este ano, contudo, uma iniciativa muito especial foi apresentada: a construção de um conjunto de 14 ciclovias, que totalizam mais de 70.000km, e com as quais se pretende tornar ciclável o continente europeu. Um momento simbólico e esperançoso para a consolidação desta união europeia.
No meu entender, mais do que uma prática com consequências para o ambiente, este dia é uma chamada de atenção para tudo aquilo que se perde, quando estamos ao volante. Se já aqui abordei o automóvel e me considero um fã, tenho, contudo, que considerar que os meios alternativos são muito melhores, haja uma cidade planeada para tal e uma organização que nos permita ter aquilo que é necessário à distância de umas pedaladas, ou de uma caminhada. Convenhamos que os automóveis apenas poluem pelo tipo de combustível utilizado. Se este meio de locomoção funciona ainda com combustíveis fósseis, tal deve-se a interesses instalados. O que saliento aqui é que sem o carro, poluente ou não, o cidadão continua a conseguir mexer-se.
Sem o carro, este encontra-se com a vizinha a quem pode ajudar e que o pode ajudar também (mas ambos ignoram), apaixona-se no banco do jardim, aprende a andar de skate e a cair, queima umas calorias na bicicleta e esquece-se daquela semana horrível no trabalho. A valorização destas múltiplas vivências está na base do lema que citei no início deste texto. Se este dia e esta semana já terminou, cada um de nós pode prolongá-lo, fazendo do exercício e convívio hábitos do quotidiano.
