O século XX foi a época de ouro do fotojornalismo, a fotografia tornou-se um elemento-chave da reportagem noticiosa. Revistas como a “Life” e a “National Geographic” utilizaram o poder narrativo das fotografias para contar histórias de guerra, paz, miséria e riqueza.
As fotografias podem ter um papel significativo na formação da opinião pública sobre questões globais. Por exemplo, a famosa fotografia da guerra do Vietname, “Napalm Girl”, desempenhou um papel crucial na mudança da opinião pública contra a guerra nos Estados Unidos da América.
Porém, contar histórias numa fotografia é uma forma de arte que requer não apenas a habilidade técnica de capturar um momento, mas também o desejo de transmitir uma narrativa. Desta forma, uma única imagem, com a composição, iluminação e emoção certas, pode inspirar uma história de mil e uma palavras…
O autor da misteriosa fotografia em destaque (Elijah O’Donnel, via pexels) deu-lhe o título “Please”. Olhando para ela, cada um de nós, de forma livre, interpreta e constrói uma narrativa, subjetiva e única a partir dos elementos que a compõem:
- Um exemplar do jornal New York Times datado de 2017;
- Um envelope de carta com remetente húngaro fotografado no instante em que está a ser queimado;
- E fósforos da marca Criterion.
Observo estes elementos e imagino os bastidores da fotografia, o ponto de vista do fotógrafo que compartilha a memória de uma experiência. Em certo sentido, o seu desempenho é tão valioso quanto o produto final. Filosoficamente, porém, é isso que deveríamos procurar na fotografia? Boas fotografias expressam uma ideia, evocam emoções e cativam o espectador.
É aqui que entra o poder da escrita. Acredito que com as palavras, podemos transcender a mera imagem, capturando as nuances e as emoções que ela nos desperta. Somos capazes de tecer histórias diversas e complexas, onde cada um encontra um caleidoscópio de interpretações e significados, refletindo a fotografia de maneiras infinitas e inesperadas. Esta é a história que a fotografia me contou:
Em terras distantes,
o coração vaga em memórias queimadas.
Na solidão adormece, sem laços, o emigrante.
No brilho das cinquenta estrelas
Sonha despertar.
Nota: Este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico