No advento de uma Rússia democrática, a resignação de Boris Iéltsin, em 1999, o primeiro Presidente russo eleito democraticamente, marcou a chegada de uma figura polémica ao cenário político russo. Em destaque na vida política, desde 2000, Vladimir Putin, o actual Presidente Russo, que nos últimos 13 anos também foi primeiro-ministro, por duas ocasiões (1999 – 2000 e 2008 – 2012) tem liderado a antiga potência soviética, naquilo que alguns analistas já chamam de novo sovietismo.
Pela mão de Vladimir Putin, a Rússia foi alvo de profundas reformas, a nível político e económico, que reconduziram a nação no caminho do progresso, transformando-a numa potência energética no seio da Europa. Porém no campo politico, a Rússia tem assistido a uma regressão das conquistas alcançadas, após a queda do império soviético, caminhando, novamente, para um governo autoritário e nacionalista.
Sob a liderança do ex-agente e chefe dos serviços secretos soviéticos e russo, KGB e FSB, a relação diplomática da nação russa com os EUA e a Europa Ocidental já conheceu inúmeros momentos de tensão. Adoptando uma estratégia mais independente, baseada numa política de não-intervenção, a Rússia, juntamente com a China, de quem se te vindo a aproximar, têm vetado imensas resoluções na assembleia da ONU que impossibilitam este organismo de agir de forma mais activa em vários conflitos. Assim, as relações entre Moscovo, Washington e a União Europeia vivem num constante clima de guerra-fria, com conflitos indirectos e jogos estratégicos.
Internamente, a rigidez com que Putin lidera a população russa, juntamente com o seu aliado Dmitri Medvedev, actual primeiro-ministro, com quem vai alternando nos cargos de poder, e controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, mostra como a proposta de governo de Putin está perigosamente a cair num regime autoritário e opressor, pairando no ar um clima de opressão e censura.
Como tal, a oposição feita ao governo russo é reprimida ou limitada ao máximo com decisões arbitrárias e injustas, como a mais recente lei, promulgada em Junho, que proíbe a divulgação de informação sobre a homossexualidade para menores de idade, podendo mesmo levar à prisão ou expulsão do país. Também a morte dos opositores políticos de Putin, Anna Politkovskaia e Alexander Litvinenko, que até hoje não estão bem explicadas, ou a prisão de manifestantes, que são acusados de incitar a violência, são outras das situações que espelham a mão dura do governo russo.
Até 2018, Putin continuará como Presidente da Rússia, caso cumpra o seu mandato até ao fim, as medidas polémicas e repressivas prometem continuar da parte de um homem que parece querer ressuscitar, a todo o custo, o nacionalismo russo.