Sobre a informação e entretenimento (parte II de III)

Continuação de “Sobre a informação e entretenimento (parte I de II)

Nós somos responsáveis pelas nossas ações, mesmo se formos políticos, ou até políticos líderes de um dos países mais poderosos do mundo. No livro de Jones e Gray, Satire TV: Politics and Comedy in the Post-Network Era (2009), existe um exemplo referente ao presidente George Bush. Pois até um presidente é responsável pelas suas ações, desde guerra a fome, mas também é responsável pela língua inglesa, língua nativa e por quaisquer gralhas que possam advir desse facto.

Em conformidade com Kwak e Wang, em Laughing All The Way: The Relationship Between Television Entertainment Talk Show Viewing and Political Engagement among Young Adults (2004), um recente estudo do Pew Research Center em Washington D.C. sugere que o papel dos média de entretenimento pode ser particularmente significante em jovens adultos. Os americanos continuam a inclinar-se para fontes menos tradicionais para informação política. Programas de comédia como o Saturday Night Live, e talk shows noturnos, como o The Tonight Show, são importantes fontes de notícias.

Este significado político do entretenimento é esperado por parte do dito público devido ao seu uso deste tipo de média comprovado e também devido aos baixos níveis de interesse na política. E pesquisas, de acordo com os autores, já mostraram que este nível baixo de interesse torna outro tipo de programas sobre política (mais focados no entretimento) num fator de influência, de grande dimensão. Aliás, este tipo de programas consegue conceder ao público informações mais diretas sob a forma de sátira, que exigem menos processamento e em princípio estão longe de ser fake news.

Ao analisar o conteúdo dos talk shows, é consistente o tom dos conteúdos relativos a políticos e assuntos políticos, pois costuma ser negativo. Muitas das piadas são dirigidas a questões da vertente pessoal de políticos e candidatos, através da exploração de pontos fracos que possam vir a tornar-se cómicos. Um estudo conduzido em 2002, entre americanos entre os 18 e os 30 anos, escolheu Jennifer Lopez como a mulher mais admirada da altura, enquanto que Hillary Clinton ficou como a mais admirada no geral. A forma como os jovens reagem às celebridades e elites, pode ser um indicador de como reagem ao conteúdo dos programas. Até porque jovens adultos que identificaram uma ou mais figuras de celebridade como ídolos nas suas vidas reportaram ter iniciado alguns passos concretos – como alterar aparência física, formar certos valores, e perseguir atividades particulares – para aumentar a correlação entre a identidade do seu ídolo e eles próprios.

Outra das sugestões dos autores é que os talk shows parecem ajudar os espectadores a confiar nos líderes e também a dar-lhes um contexto eleitoral. Aliás, é bastante possível que a sua cognição política possa ser moldada pela exposição a talk shows noturnos no que toca à população mais jovem. Será? E que tipo de benesses são retiradas de uma hipótese positiva?

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